Marcos de Moura e Souza
BELO HORIZONTE - Daqui a dois dias, a ex-ministra Marina Silva reúne-se em Brasília com apoiadores para aprovar o estatuto de um novo partido pelo qual deverá se candidatar à Presidência da República em 2014. A entrada de Marina na disputa agrada ao presidenciável do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves.
Os tucanos de Minas acreditam que quanto mais candidatos maiores são as chances de que a eleição seja levada para o segundo turno e que a escolha se restrinja a Aécio e à presidente Dilma Rousseff (PT).
"Aécio tem falado que é bom que tenha mais partidos, que quanto mais aberto for o leque de opções mais a sociedade terá chances de conhecer as várias formas de pensar o Brasil", disse ontem o presidente do PSDB de Minas, o deputado federal Marcos Pestana.
Do ponto de vista mais pragmático, acrescenta o deputado, um cenário com mais candidatos com força eleitoral tende a criar um contraponto mais consistente à Dilma. Isso significa uma diluição de votos no primeiro turno. E para o deputado, seria ruim para uma candidata como Dilma, que tem reduzida experiência eleitoral, esticar as eleições para uma segunda rodada.
Marina ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2010, atrás de Dilma e de José Serra, do PSDB paulista. Em Minas, seu discurso empolgou eleitores e em Belo Horizonte ela foi a campeã de votos no primeiro turno.
"Quanto mais candidatos maiores as chances de ter segundo turno", avalia Pestana. O partido de Marina - cujo nome também está para ser definido no encontro de sábado - teria ainda outra vantagem para os tucanos. Certamente, diz Pestana, não será um partido que fará uma oposição frontal a Aécio.
"Temos amigos em comum com a Marina que estão participando desse diálogo [para a criação do novo partido]", diz Pestana. Dois deles são os tucanos paulistas Walter Feldmann e Ricardo Trípoli.
"Não estamos disputando eleitores com Aécio Neves", disse Pedro Ivo, um dos principais assessores políticos de Marina. "Nossa militância é outra, é de jovens, gente das redes sociais, de novos movimentos."
No PV mineiro, partido pelo qual Marina disputou as eleições presidenciais de 2010, a avaliação, segundo um de seus líderes que preferiu não ser citado, é que ela e Aécio mantêm uma relação amistosa. O PV é partido da base do governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB).
O primeiro desafio da ex-ministra é formalizar o partido a tempo: uma vez aprovado o estatuto e o nome, será preciso reunir no mínimo 500 mil assinaturas em nove Estados de pessoas que apoiam a criação da legenda. O prazo vence em outubro.
Fonte: Valor Econômico
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