Bancada do partido na Câmara não se sente representada pelo novo ministro e ensaia discurso de independência
Júnia Gama
BRASÍLIA - O retorno do PR ao Ministério dos Transportes, após ter passado a maior parte do mandato da presidente Dilma Rousseff fora da Esplanada, pode não trazer a segurança, em relação às eleições de 2014, que o Palácio do Planalto desejava. Além de nomear um nome que não era o preferido do partido, sem negociar com a bancada na Câmara, Dilma pretende manter longe das mãos do PR os comandos das estatais Valec e Dnit, além de outros cargos importantes na pasta.
A estratégia adotada pelo PR no dia seguinte à escolha de César Borges para o Ministério dos Transportes é a de evitar embate com o novo ministro, que toma posse hoje. Mas, reservadamente, deputados da legenda afirmam que o nome escolhido por Dilma "não dá garantias" de que o partido estará ao lado da presidente na campanha pela reeleição.
- É a bancada de deputados que dá tempo de TV e Fundo Partidário, e os deputados não foram valorizados na forma como foi feita essa escolha. O problema não é César Borges, mas a condução do processo. Como não foi bem feita, pode ter reflexos nas eleições de 2014 - diz um deputado.
Esses parlamentares dizem não haver problemas pessoais em relação a Borges, mas frisam que ele pode ter dificuldades para servir ao partido por dois motivos: primeiro, porque o PR continua sem o Dnit e sem a Valec; segundo, porque sua escolha não foi acordada com a bancada na Câmara. O líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho (RJ), disse estar satisfeito com a indicação de Borges, mas destacou que a mudança no ministério não significa que o partido irá fechar com o governo nos estados nas eleições do ano que vem.
Para se aproximar do partido, na manhã de ontem, Borges recebeu Garotinho em café da manhã e marcou jantar com a bancada na Câmara para a noite de hoje na casa do líder da legenda, após sua posse.
Fonte: O Globo
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