sábado, 8 de junho de 2013

Após protestos coordenados, Abin eleva risco para grandes eventos

Relato é feito diariamente por agentes infiltrados em ações populares convocadas pela internet

Antônio Werneck, Gustavo Goulart

Boletim da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), emitido após as manifestações de anteontem em quatro capitais brasileiras contra o aumento de passagens de ônibus, elevou o risco dos grandes eventos, do ponto de vista da segurança. Tanto para os jogos da Copa das Confederações quanto para a visita do Papa Francisco ao Rio, durante a Jornada Mundial da Juventude. Os líderes do movimento, identificados nas redes sociais, passaram a ser monitorados, assim como possíveis vínculos deles com sindicatos e partidos políticos.

O relato é feito diariamente por servidores infiltrados em manifestações populares. O grupo acompanha eventos convocados pela internet. Até mesmo pequenos protestos entram na alça de mira.

No Rio, a manifestação na Avenida Presidente Vargas, na hora do rush do fim de tarde, foi convocada pelo Fórum de Lutas contra o Aumento das Passagens, instalado no facebook desde 24 de outubro de 2012. Foi logo após o anúncio de que as passagens dos ônibus no Rio iriam ser reajustadas, o que acabou não acontecendo por causa de um pedido do governo federal para conter a inflação.

O fórum não é personalizado. Ele é administrado por integrantes de partidos políticos, por correntes do movimento estudantil, pela União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outros segmentos, o que dá à iniciativa um caráter nacional ao se integrar a manifestações em outros estados.

Estudante do 5º período de Ciências Políticas e coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes da UniRio, Tayna Paolino, de 21 anos, participa do movimento no Rio e avisa que na segunda-feira que vem haverá outra manifestação no mesmo lugar, com concentração marcada para as 14h na Candelária.

- Os movimentos são suprapartidários e se organizam de forma independente. Mas acabam tendo uma mobilização nacional por causa de seus integrantes. Não estamos lutando somente contra o aumento das passagens. Mas ele significa muito nesse contexto. Os empresários estão ganhando muito mais, e nossos direitos não estão sendo respeitados. Lutamos também contra a dupla função dos motoristas, que além de dirigirem estão atuando como cobradores; em favor do passe livre irrestrito para todos os estudantes, inclusive universitários, e desempregados; e pela estatização dos meios de transporte - contou.

Tayna disse que o horário do rush (18h) foi escolhido para a manifestação de propósito:

- Escolhemos essa hora (18h) para sermos ouvidos.

Fonte: O Globo

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