Para governador do PSB, sua pré-candidatura à Presidência se fortaleceu
Maria Lima
BRASÍLIA - A disputa eleitoral de 2014 tem sido comparada a uma montanha russa pelo governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, que garante: está preparado para enfrentá-la do jeito que vier. No momento, está em baixa, por causa do pacto feito com aliados de, nos próximos seis meses, trabalhar sua pré-candidatura sem entrar em confronto direto com a presidente Dilma Rousseff. Campos considera que apesar das ações do governo para asfixiar adversários nos últimos 12 meses, o PSB ganhou visibilidade e sua pré-candidatura, musculatura. Foi o que manifestou nas conversas políticas que teve nesta quinta-feira, quando esteve em Brasília para uma reunião com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sobre segurança na Copa das Confederações.
- Estou fazendo o jogo deles. O bom cabrito não berra. Eles continuam fazendo isso e estou vivo, tentaram me dobrar e não dobraram, as coisas só melhoram para mim. Nós ganhamos uma expressão que não tínhamos. Ganhei todos os rounds e estou de pé. Eu disse que a decisão será em 2014, e será em 2014 - disse Campos, segundo relatos de seus interlocutores na capital.
Nessas conversas, Campos avaliou que, apesar de novas adesões ao governo Dilma - como a do presidente em exercício do PTB, Benito Gama, em troca de uma diretoria no Banco do Brasil -, os partidos da base aliada estão rebelados contra o governo. Em sua avaliação, o quadro se agrava pela desarrumação e gestão pendular na Economia - fuga de investidores, inflação - e crises com vários setores da sociedade: Congresso, índios, agronegócio e sindicatos.
- Não tem nada decidido para ninguém. Essa eleição vai ser uma montanha russa. Quando era criança, no parque, me perguntavam: você gosta com emoção ou sem emoção? Mas rapaz, eu gosto é com emoção! - disse Campos a aliados.
Campos prevê, por exemplo, que o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que agora veste o figurino de adversário de Dilma, já tem o controle da bancada na Câmara e pode engolir o partido que o vice Michel Temer tenta conter. A asfixia de novas lideranças no PT, como Lindbergh Farias (RJ), Delcídio Amaral (MS) e Luiziane Lins (CE), é outro complicador para a reeleição da presidente, na avaliação do grupo do governador pernambucano. O presidente do PSB tem conversado com frequência com os petistas e brinca que a "boca do jacaré" está aberta, esperando para recebê-los.
Uma conversa direta de Eduardo Campos com o ex-presidente Lula não aconteceu, mas os dois têm mantido contato por meio de interlocutores comuns. A última conversa de Eduardo Campos com Dilma foi no inicio do ano. Até então, havia sinais de uma reaproximação, mas depois ela mudou de estratégia e partiu para o ataque, na tentativa de minar as pretensões do pernambucano. O fato de ela não ter vetado, na MP dos Portos, a parte que dá ao governo de Pernambuco a possibilidade de continuar administrando o Porto de Suape, foi considerado "um gesto" para passar a imagem de que não está em guerra com o socialista.
Nessa fase de recolhimento, Campos tem se dedicado a entendimentos internos no PSB. Isso incluiu uma conversa franca com o ex-ministro Ciro Gomes, que tem uma posição mais próxima à dele do que o irmão, o governador Cid Gomes (CE).
Fonte: O Globo
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