sábado, 8 de junho de 2013

Inflação sobe 0,37% em maio e volta a bater no teto da meta

Em 12 meses, preços subiram 6,50%. Alimentos perdem fôlego

Altas e baixas. O tomate caiu 10%, mas ainda sobe 55% no ano. A cenoura ficou 7% mais cara

Com forte desaceleração nos preços dos alimentos, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas do governo) fechou maio em 0,37%, informou ontem o IBGE. O resultado veio dentro das expectativas do mercado e bem abaixo dos 0,55% de abril. Foi ainda a menor taxa desde junho de ano passado. Mas, no acumulado dos últimos 12 meses, a alta chegou a 6,50% exatamente no teto da meta estabelecida pelo governo para este ano, que é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desde março, quando atingiu 6,59%, a taxa em 12 meses está perto do teto da meta. E analistas preveem novo estouro este mês, quando a inflação em 12 meses deve chegar a 6,70%, o pico neste tipo de comparação.

- A inflação dos últimos doze meses ficou no mesmo nível de abril, porque trocamos o IPCA de maio deste ano (0,37%) por um muito semelhante, o de maio do ano passado (0,36%). Agora, vamos substituir a taxa de 0,08%, de junho do ano passado, por uma que ainda está por vir - explica Eulina Nunes do Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE.

Para junho, a previsão dos analistas do mercado é de um IPCA em torno de 0,30%. O mês começa pressionado por aumentos de tarifas públicas, como ônibus urbanos no Rio (7,27%), transporte público em São Paulo (6,75%) e água e esgoto em Belo Horizonte (5,25%).

- Ônibus do Rio e São Paulo têm peso muito grande. Esses aumentos eram para janeiro e foram adiados, mas vão pesar agora, porque não tem como esconder a inflação. Puxa para lá, puxa para cá, mas uma hora ela aparece - diz Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio.

O reajuste dos transportes públicos nas duas maiores capitais do país foi adiado após negociação do governo federal com as prefeituras. O objetivo era não pressionar a inflação no início do ano.

Segundo Cunha, o IPCA de maio veio dentro do esperado e, a não ser que algum imprevisto climático afete os preços dos alimentos, a tendência da inflação é desacelerar nos próximos meses e chegar ao fim do ano com alta entre 5,5% e 6%.

Altas menores nos preços de alimentos foram as grandes responsáveis pela mudança de tendência da inflação. Após subir 0,96% em abril, o grupo avançou 0,31% em maio, a menor variação desde março do ano passado (0,25%). Entre os motivos, estão a entrada da safra recorde de 186 milhões de toneladas de grãos e os reflexos da desoneração da cesta básica. O tomate, depois de ter sido o vilão da inflação, teve a maior contribuição negativa para o IPCA, com queda de 10,31% no mês. Mas, no ano, ainda acumula alta de 54,98%. Os alimentos com maior alta foram feijão mulatinho (16,58%) e cenoura (7,33%).

Os remédios tiveram o maior impacto de alta, com aumento de 1,61%, reflexo do reajuste autorizado pelo governo para os medicamentos controlados

O economista Fábio Romão, da consultoria LCA, diz que além dos alimentos, que vão ajudar a inflação a perder força, deve se intensificar a desaceleração dos gastos com empregados domésticos. Passagens aéreas, por outro lado, devem subir. O pico da inflação em 12 meses, portanto, será atingido em junho.

- Tivemos altas extraordinárias em agosto, setembro e outubro do ano passado, que foram afetadas por choques de oferta, como a seca americana. À medida que avançarmos ao longo do semestre, é provável que haja desaceleração na conta dos 12 meses - diz Fábio Romão.

Para ele, o câmbio é um fator que pode pressionar os preços ao consumidor até o fim do ano:

- Se o dólar mantiver o patamar de R$ 2,13, estamos falando de alta média no ano de 8%. A cada 10%, calculamos meio ponto percentual de impacto no IPCA no ano. Nas nossas projeções, isso poderia elevar o índice do ano de 5,5% para 5,7%. Mas não esperamos que isso aconteça.

Fonte: O Globo

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