Para governador, vandalismo em ação contra reajuste é "inaceitável"
Thiago Herdy
SÃO PAULO - Manifestantes e policiais voltaram a entrar em confronto na noite de ontem, em mais um protesto do Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento do valor das tarifas do transporte público em São Paulo, mas em proporções menores do que os registrados na noite de quinta-feira. Cerca de 5 mil pessoas ocuparam as nove pistas de uma das principais vias da cidade, a marginal Pinheiros, na região Oeste.
Policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo para desocupar a pista central da via e perto do fim do trajeto para tentar dispersar os manifestantes. O objetivo era evitar que tomassem pela segunda vez outra via central de São Paulo, a Avenida Brigadeiro Faria Lima. No entanto, o grupo driblou a barreira policial por ruas internas, e o protesto terminou de forma pacífica no mesmo local onde havia sido iniciado, no Largo da Batata, movimentada parada de ônibus. Uma pessoa ficou ferida na cabeça por causa de estilhaços provocados por uma da bomba.
Algumas placas de canteiros de obras foram pichadas com mensagens dizendo que a passagem de trens e metrôs, que passou de R$ 3 para R$ 3,20, era mais cara que um litro de leite. Na maior parte do tempo, a polícia acompanhou a manifestação à distância, com homens em motocicletas e um helicóptero. No início do protesto, com medo de vandalismo, alguns comerciantes chegaram a fechar as portas dos estabelecimentos. Um novo protesto está marcado para o fim da tarde da próxima terça-feira, novamente na região da Avenida Paulista.
Enquete discutiu atos de vandalismo
A demanda principal do movimento, que surgiu em 2004, em Santa Catarina, a partir de uma bem sucedida campanha para reduzir a passagem do ônibus, é considerada utópica até mesmo para alguns de seus integrantes: transporte público gratuito para todos, partindo do pressuposto de que o direito ao transporte deveria estar equiparado a outros serviços básicos, como Educação e Saúde. Apesar de contar com simpatia de partidos e organizações de esquerda, o grupo se apresenta como "apartidário e independente". Hoje está espalhado pelas principais capitais do país.
Redes sociais, como Facebook e Twitter, são usados como ferramenta de mobilização; apenas a página do grupo da capital paulista já possui apoio de 12,5 mil pessoas. Antes do protesto de ontem, o grupo promoveu uma enquete para decidir se deveria haver ou não vandalismo no ato. A opção mais votada foi "sem vandalismo, se a polícia agir a gente grava e divulga a repressão".
Quando não está envolvido na organização de protestos, o MPL promove encontros em escolas e periferias. Neles, criticam o tratamento deste serviço como mercadoria e objeto de lucro.
- O ônibus não é lotado à toa, é porque dá mais dinheiro ser assim - diz o estudante de história da USP Caio Martins, de 19 anos, um dos líderes do movimento na capital paulista.
Ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, condenou o vandalismo praticado pelo grupo na quinta-feira.
- Uma coisa é manifestação, que se respeita. Outra coisa é vandalismo, isso é inaceitável. Não é possível aceitar a depredação de patrimônio público e prejuízo para a população - disse.
Sobre os protestos do dia anterior, o Metrô estimou em R$ 73 mil os prejuízos causados por atos de vandalismo.
Fonte: O Globo
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