Estados com tendência antipetista terão mais peso em convenção peemedebista em 2014
Felipe Bächtold
PORTO ALEGRE - Estremecida por atritos no Congresso, a relação PT-PMDB enfrentará outro obstáculo para ser renovada na eleição presidencial de 2014: o peso desproporcional de alguns Estados na convenção peemedebista que definirá o rumo do partido.
Pelo estatuto da sigla, a quantidade de delegados de cada Estado nas convenções depende do desempenho na eleição anterior para a Câmara. Isso dá grande força interna a diretórios situados fora do centro político nacional.
Seis dos sete Estados com mais peso na convenção estão com situação indefinida ou têm tendência antipetista.
O Rio de Janeiro, onde o PT ensaia candidatura própria e rompimento com o governador Sérgio Cabral (PMDB), responde por 10% dos 739 votos da convenção nacional do PMDB de 2014.
Santa Catarina terá 32 delegados na votação peemedebista, mais do que o dobro de São Paulo, Estado do fiador da aliança, Michel Temer, vice-presidente da República.
Disputas regionais podem levar grupos inteiros de delegados a votar contra a reedição da aliança na sucessão presidencial.
O presidente do PMDB da Bahia, Geddel Vieira Lima, diz que a decisão passa obrigatoriamente por uma solução de atritos. Mas afirma que ainda falta tempo até junho de 2014, data da votação que definirá o rumo da sigla.
Geddel, rompido com o PT baiano há quase cinco anos, pretende ser candidato ao governo contra o grupo do governador Jaques Wagner (PT).
Em alguns Estados, a falta de afinidade entre PMDB e PT também pode ser um complicador. No Rio Grande do Sul, também no grupo dos diretórios "fortes" na convenção, os dois partidos são rivais históricos. O PMDB local apoia o PSDB em eleições presidenciais desde a década de 90.
O PMDB do Paraná também tem uma ala simpática aos tucanos e vive em clima conflagrado, com a dissolução de dezenas de diretórios municipais pela direção estadual em junho. A medida foi vista no partido como ofensiva do grupo próximo ao governador tucano Beto Richa.
Também há dificuldades de entendimento no Nordeste, como no Ceará, em Pernambuco e no Maranhão.
Sem alternativa
Um contrapeso para o PT pode ser a força do PMDB de Minas no diretório nacional. O Estado é o segundo com mais delegados, atrás apenas do Rio, e a relação ganhou fôlego com a indicação, em março, do peemedebista mineiro Antônio Andrade para o Ministério da Agricultura.
Integrante da Executiva nacional do PMDB, o deputado federal Mauro Mariani (SC) diz que, mesmo com as rusgas nos Estados, ainda não há movimento dentro do partido de defesa de outra candidatura que não seja a de Dilma Rousseff.
Fonte: Folha de S. Paulo
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