Esta semana tudo que acontece no Brasil parece ser em função da visita do Papa Francisco.
Sem entrar no mérito do conteúdo das mensagens, o aparato e o formato do evento se assemelham muito de um grande show. Seguranças, áreas V.I.P., curiosidades imensa pelos detalhes da vida pessoal, pulseirinhas coloridas para acesso aos locais privilegiados, fãs e fiéis emocionados e, às vezes, resvalando na idolatria, os insistentes "papagaios de pirata" e toda a produção dirigida essencialmente para a geração de imagens para a mídia.
Segue-se a máxima da comunicação moderna formulada por McLuhan: o meio é a mensagem.
Mesmo assim, existe uma mensagem importante em suas ações e em suas palavras. Sobressai a consolidação de um discurso e de uma prática no que diz respeito ao contexto social e político, de afirmação da democracia, de combate à desigualdade, de busca de justiça social e da primazia da paz e do diálogo para a resolução de conflitos entre povos e países.
É importante destacar isso porque não são esses valores que presidiram a maior parte do tempo as ações da igreja católica em sua longa história. Basta lembrar o obscurantismo da Idade Média com seus "índex" e execração da ciência; a guerra cruenta das Cruzadas para "resgatar" o túmulo de Jesus dos infiéis; as perseguições, torturas e assassinatos da Santa Inquisição, e não tão distante dos tempos atuais, o apoio a Hitler e a Mussolini e, no Brasil, o apoio ao golpe militar de 1964, simbolizado nas Marchas da Família com Deus pela Liberdade.
O Papa Francisco com suas demonstrações concretas de despojamento e de humildade, juntamente com as medidas que vem tomando na reorganização institucional da igreja, a exemplo das mudanças determinadas no Banco do Vaticano, parece colocar num patamar mais elevado e objetivo esses avanços do pensamento católico, indo além de seus antecessores. Com certeza terá de mexer em interesses consolidados na "máquina" da igreja e há indícios fortes de que está tentando fazer isso. Amém.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, dirigente do Partido Popular Socialista (PPS) de Taubaté e do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@gmail.com
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