Opinião do petista foi entendida como provocação
BRASÍLIA = Setores do PMDB entenderam como uma provocação a crítica do ex-presidente Lula à proposta do partido de reduzir o número de ministérios e alertaram que o momento do governo Dilma Rousseff - com economia capengando e popularidade em queda - não permite alfinetadas do PT ao parceiro mais importante da coalizão governista. A Executiva Nacional do PMDB defendeu formalmente a redução do número de ministérios. Deputados do grupo dos descontentes do PMDB verbalizam a insatisfação com declarações que, alegam, alimentam o embate entre os dois partidos. Mas evitam críticas diretas ao ex-presidente.
Na terça-feira, Lula falou sobre o assunto durante palestra em Brasília no Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha:
- Estou vendo um zum-zum-zum de que tem gente que vai pedir para a presidenta Dilma diminuir ministério. Olhem, fiquem espertos, porque ninguém vai querer acabar com o Ministério da Fazenda, com o Ministério da Defesa. Vão querer mexer com a Igualdade Racial, com os Direitos Humanos. Eu acho que a Dilma não vai mexer, eles vão falar que precisa fazer ajuste, precisa diminuir. Não tem que diminuir ou aumentar, tem que saber para que serve.
O deputado Danilo Fortes (PMDB-CE), relator da LDO de 2014, manifestando a insatisfação de parcela do partido, lembrou:
- O Lula é suficientemente inteligente para entender que o governo e o PT nunca precisaram do PMDB como agora. Como ele precisou em 2005 para se reeleger. A governabilidade, neste momento, passa necessariamente pelo PMDB. Acho que ele fez isso (dizer que não precisa diminuir o número de ministérios) para sinalizar um discurso de esquerda e comprometimento com questões sociais.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), disse respeitar a opinião de Lula, mas avisou que já tem as assinaturas necessárias para fazer tramitar proposta de emenda à Constituição (PEC) de sua autoria que reduz para 20 o número de ministérios.
- Não vou bater boca com Lula. Ele tem a opinião dele, e nós temos a nossa. É avalizado pelo país para dar a opinião dele. Paciência! Não é uma proposta minha, é do partido.
O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) também evitou criticar Lula, mas ressaltou:
- Respeitamos a opinião do Lula, mas o PMDB já manifestou a sua. Achamos que é hora de fazer uma política de austeridade, e isso passa pela redução dos ministérios.
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), foi mais cauteloso:
- Lula sempre teve como bandeira os movimentos sociais, então falou isso para aquele público. Acho bastante razoável se discutir, na formação do próximo governo, uma reforma administrativa com a incorporação de alguns ministérios. Mas, discutir isso agora, acho bobagem.
Fonte: O Globo
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