quinta-feira, 25 de julho de 2013

Movimento na pausa - Tereza Cruvinel

A montagem de palanques e alianças nos estados, mirando a eleição presidencial, ganhou velocidade no fim de maio, mas foi desativada a partir de junho, por força das manifestações que fizeram tabula rasa do jogo anterior. Em Minas, entretanto, algo se moveu. Diferentemente de anos anteriores, ali havia (e ainda há) o provável candidato do PT, ministro Fernando Pimentel, em franca movimentação, enquanto o PSDB empurrava a escolha, entre quatro postulantes, do nome do candidato a governador, que dará ao senador Aécio Neves seu mais importante palanque, no estado que governou. A definição não está próxima, mas pode surgir um quarto nome.

Na semana passada, confirmou-se a escolha do ex-ministro e ex-deputado Pimenta da Veiga, que deixou a atividade política, mas não o partido, como coordenador da campanha de Aécio Neves no estado. Ele e a família estão de mudança para Belo Horizonte. Quando prefeito da cidade, ele se casou com a bela Ana Paola. Pimenta coordenou a primeira campanha de Fernando Henrique a presidente, tem experiência no assunto, é mineiro e quadro da elite tucana. Até aí, tudo bem. Aécio, numa reunião com os postulantes, estimulou-os a percorrer o estado e pediu unidade, prometendo arbitrar a escolha a partir de janeiro do ano que vem. São eles, entre os tucanos, o presidente regional do partido, Marcus Pestana, o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Narcio Rodrigues, e o presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro. E ainda o vice governador Alberto Pinto Coelho, do PP, partido aliado ao PSDB no plano estadual.

A escolha não será fácil para Aécio. Um escolhido resultará em três excluídos. Algum ressentimento sempre fica e ele precisará de todos eles para alcançar o objetivo de sair de Minas com uma votação consagradora, tirando a grande diferença que, até antes das quedas nas pesquisas, a presidente Dilma tinha no Norte e no Nordeste. Por isso, entre os políticos mineiros, muita gente especula que Aécio poderá convencer Pimenta a voltar a disputar uma eleição, como candidato a governador. Há poucos meses, ouvi de Pimenta que, se chamado, poderia ajudar na campanha, mas que continuava decidido a não disputar eleições e a não ocupar mais cargos públicos. No entanto, tudo pode mudar, dependendo da causa e da motivação.

Voltando à montagem dos palanques, todos interromperam os movimentos que vinham acontecendo nesse sentido. No PT, o trabalho vinha sendo realizado pelo presidente do partido, Rui Falcão, e pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Deram um tempo, como diz Falcão, esperando o quadro clarear. O PMDB, que vinha pressionando o PT a apoiar os candidatos peemedebistas a governador, em regime de palanque único, também puxou o freio de mão. As relações com o governo Dilma e com o PT se deterioraram no fim do semestre, afetando os planos eleitorais. Na próxima semana, a cúpula do partido planeja reunir os cardeais em Brasília, agora mais descansados e sem a pressão de votações, para discutir o futuro da aliança.

O drama, para os políticos, é que ninguém sabe até quando os protestos vão ocorrer, afetando os índices de pesquisa e intenção de votos, que afetam, por sua vez, as apostas e as alianças. Alguns até já pensam que as manifestações vão prosseguir até se confundirem com os rojões da campanha.

Ladeira geral
Na pesquisa CNI-Ibope que será divulgada hoje, todos os 11 governadores avaliados sofreram queda na popularidade e nos índices de aprovação. À exceção de Roseana Sarney, do Maranhão, que ganhou 0,6% em relação ao levantamento anterior. No mais, todos na ladeira, inclusive a presidente Dilma. O noticiário on-line de ontem deu muito destaque ao fato de Eduardo Campos, governador de Pernambuco e possível candidato a presidente, ter ficado com a melhor avaliação, 58% de ótimo e bom. Mas ele também já teve mais, muito mais, segundo o próprio Ibope. Quando se reelegeu, em 2010, chegou ao píncaro dos 89% de aprovação.

Nossa incompetência
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, pelo menos teve a hombridade de reconhecer que houve "falha do poder público" na segurança do papa. Falha de todos, mas os outros envolvidos optaram pelo jogo de empurrar responsabilidades. Mas nosso fiasco não ficou só na chegada de Francisco. O metrô parou e houve problemas no roteiro de ontem em Aparecida. Esta visita do Papa está expondo uma inconcebível incompetência brasileira na organização de eventos. A imprensa argentina tem tirado suas casquinhas.

Falha técnica
O ministro do STF Luís Roberto Barroso está fazendo falta ao governador Sérgio Cabral. Em seu tempo como procurador do Rio de Janeiro, Cabral não teria editado um decreto inconstitucional, como o que republicará hoje, suprimindo as quebras automáticas de sigilos telefônicos nele previstas, ferindo as garantias constitucionais.

Apesar da falha técnica, Cabral, entre todos os governantes, é o que tem ido mais fundo no esforço para desmistificar as manifestações, buscando separar o joio do trigo e descobrir o que existe atrás dos atos de vandalismo, que aparentemente derivam de geração espontânea, embora tenha havido simultaneidade e semelhança nas ações.

Fonte: Correio Braziliense

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