Angela Lacerda
RECIFE - A ex-ministra Marina Silva disse ontem, no Recife, que a marca do governo da presidente Dilma Rousseff tem sido o retrocesso. Ao visitar a terra natal de Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco e novo aliado, Marina criticou o modelo de governabilidade da gestão petista e o que chamou de atraso na política ambiental. "Por enquanto, a marca tem sido a do retrocesso ou do risco do retrocesso," Para a ex-ministra, o modelo de governabilidade no governo Dilma "chegou ao limite e hoje ele é a denúncia mais contundente de que isso não pode continuar". Marina lembrou que o número de ministérios na administração da petista chegou a quase 40. "Para manter a base, mais ministérios vão sendo criados, isso é insustentável", disse. "Ela (Dilma) cumpriu esse papel de dizer que esse modelo se esgotou, não tem mais para onde ir."
Após ter o registro de seu partido, a Rede Sustentabilidade, negado pela Justiça Eleitoral por não atingir o número mínimo de assinaturas exigidas, a ex-ministra se filiou ao PSB e embarcou no projeto presidencial de Campos. Na visita à capital pernambucana, Marina concedeu entrevista coletiva e iria ministrar palestra sobre sustentabilidade na Faculdade de Administração da Universidade Estadual de Pernambuco. Ela depois participaria de um jantar com o governador na residência de Campos, no bairro de Dois Irmãos.
Na coletiva, a ex-ministra do Meio Ambiente disse que "é preciso que algo aconteça para que" o País "não perca as conquistas que já teve em função desse atraso na política".
Questionada sobre eventuais contradições do presidente nacional do PSB, que critica a "velha política", mas no seu governo teria adotado práticas semelhantes, Marina destacou a disposição de Campos para trilhar um novo caminho. "Isto é um processo e não me sinto de modo algum constrangida", disse. Em relação às questões ambientais afirmou que entre alguns poucos Estados que iniciaram esforços por agenda de sustentabilidade estão o Acre e Pernambuco.
"Estamos fazendo um trabalho pioneiro e os pioneiros sempre pagam um certo preço porque vão à frente sem saber se tem sol, chuva ou ventos fortes", observou. "Os colonizadores vão depois e fazem muitas perguntas, se fez sol, chuva, se tem água. Mas não fariam essas perguntas se não fossem os pioneiros".
Marina reiterou que aliança da Rede Sustentabilidade com o PSB é programática - e não pragmatica. "Quando a gente perde ganhando a gente sai maior do que entrou e quando a gente ganha perdendo vai para o governo mas não consegue fazer o que gostaria de fazer porque é sequestrado por essa velha política."
Economia. Ela disse que o País enfrenta dificuldades na economia em parte por causa da conjuntura internacional, mas também em razão de "alguma negligência que vem sendo praticada, em função da ansiedade política do governo, que está fragilizando a economia". A ex-ministra reafirmou a defesa do tripé superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação, além da autonomia do Banco Central. Ela garantiu que a aliança da Rede Sustentabilidade com o PSB do defende a manutenção das conquistas dos governos FHC e Lula.
"Para manter a base, mais ministérios vão sendo criados, isso é insustentável (...) É preciso que algo aconteça para que esse país não perca as conquistas que já teve em função desse atraso na política (...) Por enquanto, a marca tem sido a do retrocesso" Marina Silva ex-ministra do meio ambiente
Fonte: O Estado de S. Paulo
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