Enquanto Marina Silva já chegou na campanha de Eduardo Campos enxotando os ruralistas, Lula não poupa energia atraindo a direita para Dilma. Trata-se do pragmatismo de Lula versus o dogmatismo da ex-senadora.
Ao chutar a canela do deputado Ronaldo Caiado, líder ruralista e do DEM, Marina afugentou o poderoso, organizado e rico setor rural brasileiro. Ao menos cinco entidades nacionais e dezenas de regionais saíram em defesa de Caiado, contra Marina --o que, a esta altura, é contra Campos. Ele deve estar arrancando os últimos cabelos que lhe restam e gastando muita lábia para reduzir as perdas.
Já Lula e Dilma estão bem com a direita e o agronegócio. Têm o apoio da senadora Kátia Abreu, presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), e conquistaram José Batista Júnior, do frigorífico JBS-Friboi, e Maurilio Biagi, do PR, cotado até para ser vice do petista Alexandre Padilha em São Paulo. Sem contar o megaempresário Josué Gomes da Silva, filho do vice de Lula, José Alencar, com enorme potencial político.
O Planalto e o PT sentiram o golpe da aliança de Marina com Campos, um lance político genial. Entretanto, já nos primeiros movimentos e manifestações de Marina, a turma começou a respirar um tanto aliviada e muitos petistas até se divertiram imaginando as agruras de Campos para minorar os estragos causados pela ousada neoaliada.
Cercada por uma aura de pureza e boas intenções, uma das fundadoras do PT e ex-ministra do governo Lula, Marina é uma faca de dois gumes para o PSB: certamente traz votos e dá robustez à dissidência governista, mas precisa se conter para não se transformar num Itamar Franco de Eduardo Campos.
Vice de Fernando Collor, Itamar tinha grandes qualidades, mas reclamava de tudo, ameaçava renunciar dia sim, dia não e, no fim, foi parar na primeira fila dos que puxaram o tapete do então presidente. Ah! E assumiu a Presidência no lugar dele.
Fonte: Folha de S. Paulo
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