Presidente afirma que candidatos precisam apresentar propostas; ex-senadora ironiza conselho da 'professora'
Dilma pede que rivais 'estudem', e Marina responde com ironia
Após petista sugerir 'preparo' a adversários, ex-senadora faz crítica aos que 'acham que não têm mais o que aprender'
Em Minas, presidente afirma que não está de 'salto alto'; Aécio diz que ela se afastou do Estado por muitos anos
Diógenes Campanha, Daniel Carvalho e Gabriela Guerreiro
ITAJUBÁ (MG), RECIFE e BRASÍLIA - Líder nas pesquisas de intenção de voto para 2014, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que não está de "salto alto" em relação à eleição, mas recomendou que seus prováveis adversários na disputa "estudem" para ter propostas para o país.
"Acredito que as pessoas que querem concorrer ao cargo têm de se preparar, estudar muito, ver quais são os problemas do Brasil, ter propostas. Eu passo o dia inteiro fazendo o quê? Governando", afirmou Dilma a emissoras de rádio da região de Itajubá (MG), onde cumpriu agenda oficial.
Em resposta à petista, a ex-senadora Marina Silva (PSB), segunda colocada nas pesquisas para o Planalto, retrucou, horas mais tarde, no Recife.
"Ela [Dilma] deu um conselho de professora. Eu acho que ela dá um conselho muito bom porque aprender é sempre uma coisa muito boa. Difícil são aqueles que acham que já não têm mais o que aprender e só conseguem ensinar", disse Marina.
A fundadora da Rede Sustentabilidade afirmou ainda, ao citar "conquistas" dos governo FHC e Lula, que a marca da gestão de Dilma "por enquanto é a do retrocesso".
Segundo o Datafolha, Marina é a mais competitiva rival de Dilma na corrida presidencial, oscilando de 28% a 29% das intenções de voto, enquanto a presidente pontua de 37% a 39% nos cenários em que a ex-senadora aparece.
Ontem, a presidente desembarcou no Sul de Minas para a inauguração de uma fábrica de transformadores de corrente elétrica. Antes, deu entrevista a rádios locais.
Ao ser indagada sobre o resultado do Datafolha, que apontou que ela venceria no primeiro turno uma disputa contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE), Dilma disse que a eleição ainda não a preocupa.
"Tudo o que as pessoas que estão pleiteando a Presidência da República querem é ser presidente. Eu sou presidente e, para mim, não é problema a eleição agora. A eleição vai ser uma questão que eu vou tratar oportunamente."
A presidente afirmou que "há indefinições" sobre quem serão os candidatos, mas disse considerar "todos os pleitos extremamente legítimos".
No PSDB, o ex-governador de São Paulo José Serra ainda acredita que possa disputar a Presidência, embora Aécio tenha o respaldo da maioria do partido.
No PSB, Marina, nome mais bem posicionado da oposição nas pesquisas, pode ocupar a cabeça de chapa se Campos, presidente do partido, sair do páreo.
"O meu problema é governar, não é ficar preocupada com quem vai ser candidato", disse Dilma. "Apesar de achar que ninguém pode subir no salto alto, o meu problema não é salto alto. Meu problema é o seguinte: não dá para fazer as duas coisas simultaneamente. Eu tenho que governar", completou Dilma.
A presidente também exaltou os programas Mais Médicos e Minha Casa Melhor.
Mineiros
À tarde, Aécio também respondeu a Dilma, mas optou por tratar das questões do interesse de Minas, Estado que governou de 2003 a 2010.
O senador disse que a presidente é "bem vinda" em terras mineiras, mas em sua visita de ontem não levou "respostas para importantes demandas do Estado".
Em nota, o tucano disse que a presidente, e não a candidata, poderia estar "apresentando respostas" às demandas de Minas "se não tivesse se afastado por tantos anos" do Estado.
Dilma é nascida em Belo Horizonte (MG).
Aécio reclamou ainda do que chamou de "falta de reconhecimento" da presidente ao apoio dado pelo governo estadual, comandado pelo aliado Antonio Anastasia (PSDB), em parcerias para investimentos anunciados ontem no sul do Estado.
Fonte: Folha de S. Paulo
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