Apelo foi feito por telefone a Rui Falcão pouco antes de reunião de petistas
Cássio Bruno
O governador Sérgio Cabral (PMDB) pediu ao presidente nacional do PT, Rui Falcão, que os petistas não entreguem neste momento os cargos que ocupam no governo do Rio de Janeiro. A conversa entre Cabral e Falcão ocorreu por telefone na última sexta-feira, momentos antes da reunião para discutir a saída do PT da administração estadual. O contato feito pelo governador foi revelada pelo próprio Falcão aos petistas, na presença do senador Lindbergh Farias, pré-candidato ao Palácio Guanabara em 2014, e de deputados da legenda, antes do início da reunião da executiva regional do partido. Cabral apoia a pré-candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Segundo petistas presentes ao encontro, Cabral argumentou que não era o momento para o PT entregar os cargos. O motivo seria o de não prejudicar a aliança nacional com o PMDB e, consequentemente, a reeleição da presidente Dilma Rousseff. No telefonema, segundo informou Falcão aos petistas, Cabral teria até falado em apoiar Lindbergh. No entanto, publicamente, Cabral sempre negou essa possibilidade.
Falcão revelou o telefonema de Cabral a um grupo fechado de petistas. Todos combinaram não comentar o assunto em público. Além de Lindbergh, estavam a deputada federal Benedita da Silva, o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos do governo Cabral, Zaqueu Teixeira, e os deputados estaduais André Cecili-ano, Inês Pandeló e Gilberto Palmares, entre outros. Pelo menos cinco petistas confirmaram a conversa, entre eles Zaqueu e Inês Pandeló.
— O governador quer preservar a aliança. E isso (o telefonema) é um sinal claro. Achei normal. O PT está no governo há sete anos e não há sete dias. O governador quer manter a relação com o PT azeitada — disse Zaqueu.
Inês Pandeló também considerou o fato normal: — Acho natural o governador fazer o seu pedido. Agora, é justo que o PT lance a candidatura própria do Lindbergh — afirmou a deputada.
Na última sexta-feira, em entrevista coletiva, Falcão disse que a eleição de Lindbergh para o governo do Rio "é prioridade total para o PT" Em seguida, Falcão divulgou que, no encontro com a executiva, ficou decidido que o PT do Rio fará uma reunião do diretório em 25 de novembro, quando decidirá o dia da entrega dos cargos no governo Cabral. No primeiro escalão, além de Zaqueu, o PT ocupa a Secretaria de Meio Ambiente, com Carlos Mine. O partido continua no governo do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).
Procurado pelo GLOBO, Cabral e Falcão negaram a conversa. Lindbergh não quis se pronunciar sobre o assunto.
Lindbergh defende a "saída imediata" do PT do governo Cabral. O senador tem o apoio de deputados federais como Alessandro Molon e Jorge Bittar. A tentativa de deixar a administração do PMDB já foi adiada por duas vezes, a pedido do ex-presidente Lula. Falcão e Lindbergh tiveram ainda uma conversa a sós. O presidente nacional do PT desautorizou o senador a falar sobre apoio no estado ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência pelo PSB. Na semana passada, Lindbergh não descartou a intenção de haver um palanque duplo para Dilma e Campos no Rio.
Fonte: O Globo
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