Pressão do câmbio e efeito sazonal sobre carnes e leite podem impactar no IPCA
Aline Salgado
Os alimentos devem se confirmar como o patinho feio da inflação nacional no mês de outubro medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulga nessa quinta-feira. As prévias registradas pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que mede a inflação da cidade de São Paulo, mostraram que as carnes, o leite e seus derivados e os industrializados, estão com os preços em aceleração que poderão ter impacto no IPCA.
Segundo o IPC/Fipe, divulgado ontem, a alta no grupo Alimentação ficou em 1,20% na última leitura de outubro, ante queda de 0,01% em setembro e avanço de 0,90% na terceira quadrissemana de outubro. Já a inflação média registrada pelo índice marcou alta de 0,48%, frente a 0,25% na terceira quadrissemana do mês.
De acordo com o coordenador do IPC da Fipe, Rafael Costa Lima, além dos reflexos da alta do câmbio, que mexeu como preço das rações, o gado confinado ajuda a elevar a inflação dos produtos. “As carnes bovina, suína e o frango são a principal fonte de pressão da inflação. E os industrializados e derivados acabam sofrendo os reflexos”, avalia Costa Lima, que destaca que os preços das aves sofreram inflação de 7,01%; a carne bovina, 5,91%; leite e derivados, 2,07%; e os industrializados registraram alta de 1,81%.
“A tendência é que os alimentos se confirmem como principal fator da inflação nacional, já que carne e frango abarcam todo o mercado brasileiro, assim como os industrializados”, completa o economista. Divulgado na última sexta-feira, o IGP-M/FGV também captou a alta nos alimentos. O índice registrou aumento de 0,63% em outubro, quando, em setembro, a inflação do grupo alimentação tinha ficado em 0,14%. As carnes bovina e suína, além do frango, foram os itens que puxaram os preços para cima.
Segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/ FGV) André Braz, o aumento nos preços das carnes está relacionado a um fenômeno sazonal, reflexo da pressão da demanda, devido às festas de fim de ano. “O mês de outubro já marca o aumento nos cortes de suínos, bovinos, chesters e perus em função das festas de Natal e Revéillon.
E a tendência é que os preços se mantenham em alta até o fim do ano”, explica André Braz, que avisa que o leite longa vida deve, enfim, parar de subir no próximo mês, após uma alta de 30% nos últimos 12 meses. “Com a primavera e o verão, o gado passa a ter maior capacidade de encontrar pastagem e, assim, a produção do leite deve se normalizar”, diz Braz. Inflação semanal sobe em cinco capitais do país
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), divulgada ontem pela FGV, subiu em cinco das sete capitais pesquisadas na última semana de outubro, frente ao período anterior. Na média das sete capitais pesquisadas, o indicador passou de 0,49% para 0,55%, entre a terceira e a quarta semanas do mês passado.
Fonte: Brasil Econômico
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