Os resultados da indústria de setembro deixaram ainda mais claro que os incentivos pára o setor não estão surtindo efeito. A produção industrial está 3,2% abaixo do recorde, atingido em maio de 2011, e no acumulado do ano cresceu apenas 1,6%. Foram cinco meses de alta, três de queda e um de estagnação. A indústria ainda produz menos do que em setembro de 2008, quando teve início a crise internacional.
O gráfico abaixo mostra o índice de base fixa da produção industrial, medido pelo IBGE. Em setembro de 2008, a indústria marcava 130,6 pontos. Em setembro deste ano, apontava 126,65 pontos, 3% a menos. Durante todo o período, em apenas cinco meses a indústria teve um ritmo mais forte do que antes da crise.
A produção industrial fechou o terceiro trimestre em queda de 1,4% e vai pesar sobre o PIB do período, que será divulgado dia 3 de dezembro. O Banco Central reconhece que o número será fraco, e as projeções do mercado são de retração.
A economista Silvia Matos, do Ibre/FGV prevê queda de 0,4% no PIB, em relação ao trimestre anterior.
— O período de julho a setembro será fraco, principalmente, por causa da indústria — afirmou.
A produção de bens de capital tem sido o destaque do ano, com alta de 14,6% de janeiro a setembro. Mas os números recentes mostram perda de vigor, de acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Os investimentos estavam concentrados na fabricação de caminhões, que disparou no início do ano pela obrigatoriedade de uso do novo motor Euro 5.
"Mesmo no segmento de bens de capital, que vem puxando fortemente o crescimento da indústria nacional em 2013, vem ocorrendo uma significativa perda de ritmo ao longo do ano, com pronunciada desaceleração no terceiro trimestre: 9,4%, 4,2% e 1,4%, respectivamente, no primeiro, segundo e terceiro trimestres" disse o instituto.
Silvia Matos chama atenção para outro ponto: o indicador de estoques de bens de capital, do Ibre, mostra que há um aumento, o que deve prejudicar a produção no último trimestre.
A política industrial não deu o resultado esperado, apesar das muitas medidas tomadas: queda dos juros, desvalorização do real, redução do preço da energia, aumento de barreiras comerciais, corte de impostos para setores escolhidos e muito crédito subsidiado do BNDES.
Sem recessão no quarto tri
Apesar da previsão de queda do PIB no terceiro trimestre, o cenário para o quarto tri será um pouco melhor, de acordo com Silvia Matos, do Ibre/FGV. Isso evitaria a recessão técnica no país, que acontece quando dois trimestres seguidos ficam no vermelho. A recuperação só não será mais forte porque a produção industrial continuará jogando contra.
— O PIB do quarto trimestre pode ficar entre 0,5% e 1%, mas não podemos esperar muito, porque a indústria está fraca, com crescimento concentrado em apenas alguns setores — disse.
Silvia prevê que a economia crescerá 2,5% este ano, graças a um forte "anabolizante", a agropecuária que, segundo a economista, deve ter alta de mais de 10%. Sem ela, o PIB cresceria em torno de 2%. já a indústria deve ter expansão de 1,1% e os serviços, de 2,1%, de acordo com a economista.
Fonte: O Globo
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