O Datafolha reflete os ventos registrados neste espaço na sexta-feira, ou seja, o eleitorado está em sintonia com as mudanças no ambiente político. Ou vice-versa.
O mundo partidário e o real tinham se afastado da presidente e da candidata pelos erros na economia, a falta de liderança e o estilo autoritário. Agora, começam lentamente a se reaproximar.
A economia deu sucessivos sinais de alívio na semana em que os pesquisadores foram a campo. A inflação arrefeceu, a inadimplência no comércio caiu, a produção industrial aumentou e, na sexta, refletindo a China, a Bolsa subiu e o dólar baixou. Tal como a cereja no bolo, a Petrobras conseguiu lucro de R$ 6,2 bi.
Se a redução da cesta básica e do IPCA foi sazonal e se houve manobra contábil no resultado da Petrobras, é outra história. O que interessa aqui é o efeito, o retoque na imagem política envelhecida de Dilma.
Além da economia, ela também fez sua parte, seguindo à risca o roteiro do padrinho e do marqueteiro. Nunca apareceu tanto, nunca falou tanto. E quanto mais se reuniu com líderes partidários, mais se distanciou do Congresso, este, sim, o grande vilão nacional. Plebiscito, reforma política, médicos para todos, quem há de ser contra?
Dilma fez sua parte, a oposição não. O momento de os adversários se mostrarem era agora, certo? Mas o PSDB entrou na linha de tiro e a oposição só patina. Aécio não convence, Serra teima à toa, Campos nem existe e Marina é a candidata dos sonhos de Dilma. É politicamente correto declarar voto em Marina, mas, no confronto entre uma e outra e o poderio de uma e o desarmamento de outra...
Depois de Dilma se jogar num precipício de 35 pontos, a recuperação de 6 na popularidade e de 5 nas intenções de voto ainda é pouco e não induz a conclusões, mas confirma que a campanha dela tem instrumentos e estratégia. As dos adversários --à exceção de Marina, que cresce por inércia-- parecem não ter nada.
Fonte: Folha de S. Paulo
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