Daniela Garcia
BRASÍLIA – Passado o mês intenso de manifestações, a presidente Dilma Rousseff recuperou parte de sua popularidade e das intenções de voto em 2014, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem. Embora tenha recuperado terreno, ela não venceria, em primeiro turno, a próxima disputa presidencial. Entre os outros pré-candidatos testados, a ex-senadora Marina Silva (sem partido) é a única que conquistou um avanço gradual nos números. Até outubro do ano que vem, no entanto, o quadro ainda deve sofrer significativas mudanças, segundo avaliação de especialistas, de governistas e da oposição.
Das sete simulações testadas pelo Datafolha, a primeira contaria com Dilma, Marina, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). No cenário, a petista tem 35%, cinco pontos a mais do que o registrado na pesquisa anterior, do final de junho. Marina subiu de 23% para 26%; Aécio caiu de 17% para 13%, mas continua na frente de Campos, que oscilou de 7% para 8%. No total, brancos, nulos, nenhum ou indecisos somam 18%. Nesse cenário, Dilma enfrentaria Marina Silva no segundo turno.
Mesmo que Dilma não vença no primeiro turno, o cientista político Rudá Ricci, do Instituto Cultiva, disse que, hoje, os eleitores insatisfeitos com a petista reforçaram o voto em branco ou nulo, em vez de impulsionarem candidatos da oposição. "Apesar do desgaste sofrido pelas manifestações, não houve nenhum movimento expressivo de votos do governo para a oposição. É bem provável que esses eleitores descontentes descarreguem seus votos em nulo ou branco, por toda uma descrença atual no sistema político-partidário", aposta.
O líder do PSDB no Senado, o senador Alvaro Dias, afirmou que o resultado da pesquisa significa "um desastre para ela (Dilma)". O instituto também divulgou, na sexta-feira, que a aprovação do governo de Dilma cresceu de 30% para 36%. Segundo Dias, "a flutuação é natural e não significa uma recuperação". Ele disse considerar a pesquisa "prematura". "O quadro para as eleições de 2014 está totalmente aberto", avalia.
Membro da Executiva nacional do PSDB, o deputado federal Rodrigo de Castro (MG) disse que, embora tenha havido um crescimento na popularidade da presidente Dilma, os números demonstram que a população conhece as falhas da administração petista. Para ele, está clara a vontade do eleitor de votar em um projeto da oposição. "Cabe a nós mostrar o nosso candidato e conscientizar os eleitores que temos o melhor nome, que é o Aécio Neves", afirmou o parlamentar.
Cotado para coordenar a campanha do senador mineiro no estado, o ministro das Comunicações durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) Pimenta da Veiga vê os números apresentados no levantamento como "provisórios". "A pesquisa mostra um quadro animador para a nossa candidatura, e temos muito tempo para trabalhar para que possamos reverter os números", aposta.
O líder do governo na Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou que já era esperada a melhora na popularidade de Dilma. "Acho que ela faz um bom governo e as pessoas estão prestando atenção nisso." Mesmo com a queda anterior da presidente na pesquisa, de 30 pontos percentuais, o parlamentar aposta que os índices "podem e vão melhorar" até o próximo ano.
Fonte: Estado de Minas
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