domingo, 11 de agosto de 2013

Oposição quer investigação de desvios na Petrobras para PMDB

Raupp nega participação do partido em esquema denunciado por engenheiro

Convocação. Álvaro Dias (PSDB-PR) quer ouvir engenheiro

Defesa. Valdir Raupp (PMDB-RO) rejeitou acusação em nota

BRASÍLIA - O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), divulgou nota ontem negando que o partido tenha participado de um esquema de desvio de verbas de contratos da Petrobras para beneficiar políticos do PMDB e destinado US$ 8 milhões para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. A denúncia foi feita por João Augusto Rezende Henriques, ex-funcionário da estatal, em reportagem da revista "Época" deste fim de semana. A revelação do esquema tende a inflamar ainda mais a troca de acusações entre PT e PSDB.

Nas últimas semanas, aproveitando as denúncias sobre o cartel montado por grandes empresas no metrô de São Paulo durante três governos do PSDB, os petistas saíram das cordas em que haviam sido colocados pelo julgamento do mensalão e passaram ao ataque. A denúncia da revista envolvendo caixa dois na campanha da presidente Dilma, somada ao início do julgamento dos últimos recursos dos mensaleiros, na quarta-feira, dará agora munição à oposição.

Ontem, parlamentares do PSDB e do PPS passaram a atirar. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que pretende convocar João Augusto, e o presidente do PPS, Roberto Freire, pediu uma investigação imediata por parte do Ministério Público Federal.

Em nota, o presidente do PMDB afirmou que o partido "jamais recebeu os recursos mencionados" e seria "inverídica e fantasiosa afirmação em contrário". Segundo Raupp, "João Augusto Rezende Henriques não tinha autorização ou delegação para falar ou atuar em nome do PMDB nem para buscar recursos para a campanha". Ao GLOBO, a Petrobras informou que não comentaria a reportagem, e o Palácio do Planalto disse que as informações sobre arrecadação de campanha cabiam ao PT.

Líder da minoria na Câmara, o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) chegou a afirmar que, caso comprovada, a denúncia poderia ensejar até um pedido de impeachment da presidente.

- Não tenho dúvida de que a relação do PT com essas empreiteiras é de benefício partidário. Isso já passou de todos os limites. A presidente Dilma já passou de todos os limites, todos os ministros caíram por relação com fornecedores. Eles combinam com as empresas, e elas comandam todo o processo licitatório do governo federal - afirmou o tucano.

Vice-presidente da Câmara, o deputado André Vargas (PT-PR) afirmou que "toda denúncia tem que ser investigada", mas ressaltou que a denúncia contra os tucanos de São Paulo é mais grave.

- Do mesmo jeito que o "trensalão tucano" tem que ser investigado, esta (denúncia) aí tem que ser. Agora, uma (caso Siemens) trata de uma empresa dizendo que pagou e, nessa aí (Petrobras) é uma pessoa dizendo. Os que fogem da CPI da Alstom têm que ter mais coerência - disse Vargas.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), afirmou que a legenda não teme qualquer investigação sobre o benefício de peemedebistas que tinham influência na Petrobras:

- O deputado Leonardo Quintão (PMDB) é da bancada de Minas e autor do pedido de CPI da Petrobras que trata de todos os contratos internacionais. Se fosse verdadeira essa história, eles não iam assinar uma CPI. O PMDB apoia qualquer tipo de investigação, não estou preocupado com nada.

Em entrevista à "Época", o engenheiro João Augusto denunciou um esquema de corrupção na diretoria internacional da empresa. Todos os empresários com contratos na área internacional a partir de 2008 teriam de pagar um "pedágio" à bancada mineira do PMDB, apontada como responsável pela indicação do então diretor internacional da empresa, Jorge Zelada, que deixou o cargo em julho do ano passado. Entre os beneficiários estariam o atual ministro da Agricultura, Antonio Andrade, e o presidente da Comissão de Finanças da Câmara, João Magalhães. Os dois não retornaram ontem telefonemas do GLOBO.

Segundo a revista, João Augusto ainda admitiu ter organizado com o secretário das Finanças do PT, João Vaccari, um repasse de US$ 8 milhões para a campanha presidencial de Dilma, em 2010. A verba teria sido paga pela construtora Odebrecht, como retribuição por um contrato bilionário fechado na área internacional da Petrobras, que dependia de aprovação do então presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, do PT. Convertido pela cotação do período, o valor seria cerca de seis vezes maior que os R$ 2,4 milhões que a campanha de Dilma declarou ter recebido da Odebrecht.

Fonte: O Globo

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