Partido criado há dois anos, que conseguiu atrair para seus quadros 14 deputados, deve perder de uma só vez oito desses parlamentares, descontentes com a proximidade com o PT
Isabella Souto
O PSD mineiro está prestes a sofrer uma baixa: nos próximos dias deve perder oito dos atuais 14 parlamentares que tem na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. Esse foi o tom da conversa entre o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e o presidente da legenda em Belo Horizonte e secretário estadual de Gestão Metropolitana, Alexandre Silveira, durante encontro na terça-feira. Aliados do senador Aécio Neves (PSDB) e integrantes da base do governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB), os pessedistas não aceitam a relação cada vez mais próxima entre a direção nacional da legenda e a presidente Dilma Rousseff (PT).
No encontro no início da semana, Kassab teria dado a garantia de que a legenda não cobrará dos parlamentares as vagas na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o mandato pertence ao partido, e não ao candidato. "Ele tem sido cordial e leal em demonstrar as posições dele e tem se esforçado pela nossa permanência, mas, entre o partido e o projeto de Minas, fico com a segunda opção. Se a nossa saída se confirmar, será de forma amigável", afirmou ontem o secretário Alexandre da Silveira, que na semana que vem tem um último encontro com Kassab.
A princípio, pelo menos parte dos parlamentares estaria tentando viabilizar a filiação conjunta em outro partido, mas não está descartada a hipótese de cada um seguir um caminho. Segundo Alexandre da Silveira – que ajudou a fundar o PSD no estado –, pesa ainda contra a permanência na legenda uma divisão interna. A direção estadual do partido defende o apoio ao PT, e inclusive esteve ao lado do candidato a prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias (PT) nas eleições do ano passado, enquanto a bancada estadual fez campanha para Marcio Lacerda (PSB), que tinha o PSDB ao seu lado.
Precipitação Mas mesmo entre aqueles que são contrários à postura da direção nacional há visões diferentes sobre o assunto. O deputado estadual Gustavo Valadares, por exemplo, acha que não resta alternativa ao grupo senão trocar mais uma vez de partido – antes do PSD, ele integrava o DEM. Já o deputado federal Marcos Montes acha que qualquer atitude agora é precipitada. "Não devemos entregar o partido assim tão facilmente", avalia o parlamentar. Ele nega com veemência a possibilidade de se desfiliar.
Os planos de Marcos Montes são continuar na legenda e apoiar a candidatura do senador Aécio Neves a presidente da República, mesmo que na condição de dissidente. Em relação ao governo de Minas Gerais, o deputado evitou opinar, pois segundo ele ainda não está definido quem serão os candidatos. "Não sabemos quem serão os candidatos. Nem o PSDB sabe. Como vamos tomar uma decisão sem saber quais são as pedras do jogo?", argumentou.
Embora defenda a aliança com o PT na eleição presidencial, o presidente estadual do PSD, Paulo Simão, tem opinião semelhante no que diz respeito à disputa pelo governo mineiro. E defende "cautela" nas próximas semanas, quando termina o prazo para as filiações partidárias de quem for concorrer nas eleições do ano que vem. "Estamos estudando inclusive a possibilidade de sair com candidato próprio. Uma decisão sobre Minas Gerais não será tomada este ano", disse ele, que na quinta-feira teve um encontro com Alexandre da Silveira em uma tentativa de garantir a permanência do seu grupo no partido.
Fonte: Estado de Minas
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