Vinicius Lages, novo ministro do Turismo, é indicação de Renan Calheiros e desagrada aos rebelados
Luiza Damé
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff praticamente concluiu a reforma ministerial, indicando nesta quinta-feira seis novos integrantes da sua equipe. Cinco deles vão substituir ministros que serão candidatos nas eleições de outubro. Ainda falta definir o substituto da ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário. Em meio à crise com o PMDB, que vetou nomes cogitados pelo Palácio do Planalto, a presidente acabou escolhendo técnicos e aliados com discreta atuação partidária, inclusive ligados ao partido. As nomeações não resolveram a crise política do Palácio do Planalto com o PMDB, mas mantiveram garantida na Esplanada a participação dos demais partidos aliados, todos já comprometidos com a campanha da reeleição. Cresce no PMDB a ameaça de antecipar a convenção nacional da sigla que definirá a aliança nacional com o PT.
Tomarão posse na próxima segunda-feira os ministros do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto; das Cidades, Gilberto Occhi; da Ciência e Tecnologia, Clelio Campolina Diniz; da Pesca, Eduardo Lopes; da Agricultura, Neri Geller; e do Turismo, Vinicius Nobre Lages. No MDA, na Pesca e na Agricultura, Dilma escolheu nomes com vinculação partidária. Rossetto é petista e já ocupou o mesmo cargo no governo Lula. Suplente de deputado federal, Geller é filiado ao PMDB, mas tem ligações com o senador Blairo Maggi (PR-MS). Na Pesca, Marcelo Crivella (PRB-RJ) emplacou seu suplente de senador, Eduardo Lopes (PRB-RJ), com a promessa de que voltará ao cargo se não se eleger governador do Rio. O PP manteve o Ministério das Cidades, indicando Occhi, vice-presidente de Governo da Caixa. O novo ministro do Turismo seria uma indicação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
Logo após o anúncio, líderes do movimento de independência do PMDB da Câmara acusaram Renan, o presidente do partido, Valdir Raupp (RO), e o vice-presidente Michel Temer de atropelarem a decisão da bancada da Câmara de não indicar o novo ministro do Turismo — a vaga era uma indicação dos deputados, que se negam a avalizar o escolhido para o lugar de Gastão Vieira (MA).
Além de debitarem a indicação do alagoano Vinicius Lages, que é do Sebrae, na conta do conterrâneo Renan Calheiros, alegam que há uma guerra de contrainformação para desmoralizar o movimento do PMDB da Câmara, ao divulgar que os deputados avalizaram a indicação também do novo ministro da Agricultura, Neri Geller, o que não seria verdade. De fato, a bancada não indicou, mas Geller é ligado ao presidente Henrique Alves e ao líder Eduardo Cunha, com quem esteve na noite de quarta-feira, logo depois de receber o convite de Dilma, para agradecer, conforme disse em entrevista.
Na noite de quarta-feira era certa a indicação do ex-prefeito de Ouro Preto, o peemedebista Ângelo Oswaldo, mas tão logo a indicação veio à tona, seu nome começou a ser bombardeado de todos os lados. A bancada mineira considerava a indicação uma escolha direta do ex-ministro petista Fernando Pimentel. Já a bancada estadual do PMDB o acusava de ser historicamente ligado ao presidenciável tucano Aécio Neves, com quem Oswaldo de fato teve ótima relação enquanto comandou Ouro Preto. Ainda influenciou a existência de condenações contra Oswaldo no Tribunal de Contas do Estado de Minas por atos praticados quando era prefeito.
Com os ânimos ainda mais acirrados depois do anúncio dos novos ministros pelo Planalto, agora os rebelados do PMDB prometem apresentar, na reunião da bancada da Câmara, terça-feira, uma lista com 11 assinaturas de presidentes de diretórios — duas a mais que o necessário — para convocação automática de uma pré-convenção para discutir o rompimento da aliança com o PT.
Neste pacote de mudanças, a saída do ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, não tem ligação com as eleições. Dentro do governo, a atuação de Raupp era vista como muito discreta, e embora fosse considerada da cota do PMDB, não representava o partido.
Fonte: O Globo
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