Ministros que deixam o governo ficam livres para iniciar pré-campanha; com medida presidente tenta desarmar 'blocão'
Erich Decat e Tânia Monteiro
Brasília - Diante do esgarçamento das relações do Planalto com a liderança do PMDB na Câmara, a presidente Dilma Rousseff optou por avançar na reforma ministerial anunciando seis nomes, a maioria de técnicos, para o primeiro escalão do governo. Mas para se respaldar politicamente, já que o PMDB da Câmara está rebelado, Dilma foi buscar apoio dos caciques peemedebistas no Senado.
Ela nomeou para o Ministério do Turismo Vinicius Nobre Lages, atual gerente de assessoria internacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), uma indicação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Até a noite de quarta-feira (12), a presidente pretendia indicar Angelo Oswaldo, ex-prefeito de Ouro Preto para o cargo, mas o nome foi rechaçado pelo PMDB da Câmara.
Apesar da revolta de uma ala de deputados do PMDB, a presidente acredita que conseguirá contornar a crise. De acordo com informações do Planalto, a nomeação de ministros, alguns ligados a partidos e outros técnicos, já está surtindo efeito com o esvaziamento do chamado "Blocão", com a volta dos parlamentares da base para o lado do governo. A posse dos novos ministros será na segunda-feira, às 10 horas. Esta foi a segunda etapa da reforma, mas uma terceira ainda está por vir. Espera-se que seja menos polêmica.
Na cota do PMDB, a presidente Dilma indicou para o Ministério da Agricultura o atual secretário de política agrícola da pasta, Neri Geller, no lugar do deputado Antonio Andrade, de Minas Gerais. Com isso o PMDB continua com cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Turismo, Agricultura e Aviação Civil) e não conseguiu ampliar seu espaço com mais uma pasta, como desejava.
O Ministério da Integração, que em um primeiro momento Dilma ofereceu para o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) como forma de ele desistir da sua candidatura ao governo do Ceará, deverá continuar com Fernando Teixeira, que está interino no cargo e é ligado ao atual governador cearense Cid Gomes. Assim, o PROS passaria a ter uma pasta na Esplanada. Mas a decisão final da presidente sobre isso ainda não foi tomada.
Dilma confirmou Gilberto Occhi, que é vice-presidente de governo da Caixa Econômica, na vaga do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, mantendo a pasta com o PP. Da mesma forma, nomeou o senador Eduardo Lopes, do PRB do Rio, para ocupar o ministério da Pesca, no lugar de Marcelo Crivella. Eduardo Lopes é suplente de Crivella e estava no Senado enquanto Crivella estava no Ministério da Pesca.
A presidente Dilma trouxe de volta à Esplanada Miguel Rossetto, no Ministério do Desenvolvimento Agrário, em lugar de Pepe Vargas. Rossetto, que é do PT, ocupou este mesmo cargo no governo Lula e atualmente é presidente da Petrobras Biocombustível. Em relação ao PT, outra mudança esperada é de Maria do Rosário, que dirige a Secretaria de Direitos Humanos. Sua substituição não foi anunciada nesta quinta porque ainda há uma disputa interno dentro do PT para ocupar a pasta. Mas o partido não abre mão da SDH.
Por indicação do seu amigo e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel, Dilma escolheu o ex-reitor da Universidade de Minas Gerais Clélio Campolina Diniz para o Ministério de Ciência e Tecnologia, no lugar de Marco Antônio Raupp. Raupp era considerado um nome técnico, embora houvesse intenção do Palácio de considerá-lo cota do PMDB, mas, na verdade, era uma escolha do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
Os ministros que desembarcam da Esplanada ficam livres para iniciar pré-campanha para disputar as próximas eleições de outubro. A dança das cadeiras anunciada pela presidente Dilma ocorre num momento em que integrantes da base aliada no Congresso se queixam de falta de espaços no governo e de atrasos na liberação de emendas para tentarem atender aos pleitos das bases eleitorais nos Estados.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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