• Em convenção realizada para confirmar seu nome à Presidência da República, senador mineiro destaca ação social dos tucanos em estratégia para contrapor o discurso dos adversários petistas e critica área econômica do governo Dilma
Pedro Venceslau, Débora Bergamasco - O Estado de S. Paulo
O senador Aécio Neves, de 54 anos, foi oficializado ontem como o candidato do PSDB à Presidência da República em convenção formatada para exaltar o que considera as suas duas maiores vitórias da pré-campanha: a unidade do partido e o apoio de correligionários em São Paulo, maior colégio eleitoral do País.
No discurso que fechou o encontro realizado em um centro de exposições da zona norte da capital paulista, o mineiro defendeu enfaticamente a passagem do tucano Fernando Henrique Cardoso pelo Palácio do Planalto (1995-2002), algo que os candidatos do partido não fizeram nas três últimas disputas à Presidência. Também destacou que o Brasil tem hoje uma “ventania por mudança”, explorando um desejo do eleitorado registrado pelos institutos de pesquisa.
Aécio tentou mostrar, na festa do PSDB, que o partido tem compromisso com a área social. Trata-se de uma das preocupações da campanha, já que a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, têm como principal bandeira o Bolsa Família e a ascensão social dos mais pobres.
O candidato ressaltou que o programa de transferência de renda, “que culminou no Bolsa Família”, foi criado no governo nacional do PSDB – trata-se do Bolsa Escola. “Fomos nós que criamos os primeiros programas de transferência de renda. Demos início ao que seria depois o Bolsa Família. Não adianta os adversários dizerem o contrário.”
A convenção registrou um público de aproximadamente 5 mil pessoas. Entre elas, 451 delegados votaram em cédulas de papel. O placar final foi este: 447 disseram sim pela candidatura de Aécio, 3 votaram em branco e um votou nulo. A convenção decidiu também deixar a escolha do vice de Aécio para depois. O tucano ainda conta com uma dissidência no campo governista para completar sua chapa.
Desafetos. Apontados pelos próprios tucanos como adversários internos de Aécio no PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ex-governador do Estado José Serra fizeram longos discursos de apoio ao correligionário ontem.
“Quero saudar o presidente nacional do PSDB e o futuro presidente do Brasil, Aécio Neves”, afirmou Serra. Ele exaltou a capacidade do colega mineiro em montar equipes. “O PSDB e seus aliados chegaram unidos até aqui”, disse. Já Alckmin afirmou que Aécio “é o nome do trabalho e da inovação” e será “o mais mineiro de todos os paulistas”.
As rusgas entre Aécio e os dois paulistas ficaram evidentes nas eleições presidenciais de 2006, quando Alckmin foi o candidato, e 2010, quando Serra disputou o Planalto. Ambos consideram que Aécio não se empenhou o suficiente em Minas.
Essa é a primeira eleição do PSDB, partido fundado em 1988, sem um candidato de São Paulo.
O senador fez questão de ir até a frente do palco erguer os punhos e abraçar os dois paulistas depois dos discursos.
Emoção. No discurso, Aécio se emocionou ao anunciar a presença de sua mãe e sua filha mais velha, e ao relembrar o pai, que já morreu. E chorou ao agradecer, “mesmo que à distância”, o carinho dos dois filhos recém-nascidos e da mulher, que ficaram no hospital, no Rio.
O candidato também atacou o governo e o PT. “Quem foi contra o Plano Real no passado, hoje permitiu a volta da inflação. Quem foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, hoje assina a contabilidade criativa.”
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