• Pré-candidato do PT ao governo do Rio só atraiu até agora PV e PCdoB
Cassio Bruno – O Globo
RIO, 14 (AG) - Pivô do rompimento da aliança entre PT e PMDB no Rio, o senador petista Lindbergh Farias luta para pôr fim no isolamento de sua pré-candidatura ao governo do estado. Sem apoio público da presidente Dilma Rousseff, ele atraiu até agora apenas dois partidos: o PV e o PCdoB. A menos de 20 dias para o início da campanha, em 6 de julho, Lindbergh corre contra o tempo para se aproximar do PSB, de Eduardo Campos, que concorrerá à Presidência da República.
O objetivo de Lindbergh neste momento é aumentar o tempo de propaganda eleitoral na TV e no rádio. Com dois partidos na aliança, o petista tem direito a cerca de quatro minutos e meio, menos da metade de seu adversário do PMDB, o governador Luiz Fernando Pezão, que terá mais de dez minutos graças à adesão de 16 legendas em favor de seu nome para disputar as eleições de outubro.
Lindbergh apostava em um acordo com o PDT, mas o partido liderado pelo ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi optou por seguir com Pezão. Em troca, Lupi indicou o vice na chapa, o deputado estadual Felipe Peixoto. A rejeição do PDT a Lindbergh foi considerada pelos petistas como "a maior decepção" do grupo político de senador já que este queria formar um "bloco de esquerda".
Embora negue, o senador tenta a última cartada: sepultar a pré-candidatura ao governo do deputado federal Miro Teixeira, do PROS. Assim, Lindbergh teria chances de ter o apoio do PSB. Consequentemente, aumentaria o tempo de propaganda em mais um minuto, mesmo sem ter Campos no mesmo palanque.
Nas constantes negociações com PSB, Lindbergh propõe indicar Miro Teixeira ao Senado e a deputada federal Jandira Feghali, até então nome para esta vaga, à reeleição. A proposta tem a simpatia do presidente regional do PSB, deputado Glauber Braga, que, na última semana, anunciou que deixaria de apoiar Miro. O PROS, porém, reafirma a pré-candidatura própria ao Palácio Guanabara.
Petista foi abandonado por prefeitos do partido
Lindbergh foi abandonado pela maioria dos prefeitos do PT no estado. Na sexta-feira passada, no entanto, ele anunciou que Rodrigo Neves, de Niterói, estaria ao seu lado. Neves era um dos principais apoiadores dentro do PT à candidatura do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).
O senador também teve de engolir os eventos em que Dilma apareceu ao lado de Pezão. Nas cerimônias, a presidente não poupa elogios ao governador. De aliado fiel, o petista tem somente o ex-presidente Lula, avalista de sua pré-candidatura. No entanto, Lula continua distante do Rio e tem presença incerta na convenção do PT, marcada para o próximo dia 20.
— Lindbergh não pediu exclusividade a Lula. Mas quer ver o ex-presidente ao seu lado nas ruas e faz questão de Dilma apenas pedindo voto para ele na televisão. Na rua, quem dá mais votos é Lula — afirmou um petista próximo ao ex-presidente.
A pré-candidatura de Lindbergh sofreu mais uma baixa nos últimas semanas. Líder da Igreja Vitória em Cristo, o pastor Silas Malafaia sinalizou que desembarcaria da pré-campanha do senador. Malafaia comanda 105 templos, frequentados por cerca de 45 mil fiéis. É também presidente do Conselho de Pastores do Brasil, que reúne dez mil pastores em todo o país.
Os motivos do afastamento de Malafaia são a presidente Dilma e o PT. A antiga briga respingou só agora em Lindbergh. O senador frequentava os cultos do pastor, sendo até notificado pela Procuradoria Regional Eleitoral por propaganda antecipada.
— Se depender da Dilma e do PT, eu vou cair fora (da pré-campanha de Lindbergh). Não vai ter jeito. Minhas ponderações são em relação a Dilma e ao PT, mas até julho eu ainda vou decidir se apoio o Lindbergh ou não — desconversou Malafaia ao GLOBO.
Rui Falcão defende candidatura
Vice-presidente nacional do PT, Alberto Cantalice nega isolamento de Lindbergh:
— Isolado não está. Tem apoio do PV e do PCdoB. O Lindbergh é carismático. Acreditamos que ele vá crescer nas pesquisas.
Na sexta-feira, Rui Falcão, presidente nacional do PT, reafirmou a pré-candidatura:
— Estamos apoiando candidatos do PMDB, e o PMDB apoia nossos candidatos em vários estados. Temos dialogado com dirigentes do partido aliado para minimizar conflitos, mas não pretendemos retirar a candidatura de Lindbergh.
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