• Serra é herdeiro de mais de 33 milhões de votos (32%) nas eleições de 2010, no primeiro turno e 43 milhões (44%) no segundo turno
• Ex-governador diz que decidirá sobre disputa à Câmara ou ao Senado em função das alianças do PSDB no Estado e no País
Débora Bergamasco - O Estado de S. Paulo
O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), duas vezes candidato à Presidência, disse em entrevista ao Estado que escolherá seu futuro político de modo a não “atrapalhar” nem a candidatura do senador Aécio Neves (MG) ao Palácio do Planalto nem os interesses nacionais e estaduais da legenda.
“Com certeza, no mínimo eu vou ser candidato à Câmara este ano. Ainda não sei sobre o Senado, porque dependo da articulação das alianças do PSDB, tanto em São Paulo quanto nacionalmente. E não quero atrapalhar isso”, afirmou numa conversa na sexta-feira à noite.
A candidatura ao Senado – que neste ano terá só uma das três vagas por Estado em disputa – na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) é uma importante moeda de troca para formar as coligações, de modo a aumentar o tempo de propaganda do governador. Embora Alckmin lidere as pesquisas de intenção de voto e hoje tendesse a vencer em 1.º turno, o partido avalia que a disputa será mais difícil que as duas anteriores, quando Serra e Alckmin ganharam já na primeira etapa da votação.
O PSDB paulista conversa com PSD e PSB para a coligação – os partidos podem ocupar a vaga de vice ou a vaga de candidato ao Senado. Não está descartada, porém, que a vaga ao Senado fique mesmo nas mãos de um tucano. Serra, por exemplo, lidera a disputa pela cadeira nas sondagens feitas recentemente, superando o petista Eduardo Suplicy, que se mantém no cargo desde 1991, obtendo várias vitórias consecutivas.
A atual postura aparentemente mais pacífica de Serra contrasta com o estilo irredutível do ano passado, época em que estava disposto a convocar prévias para que os militantes escolhessem o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto.
Sem o apoio dos principais quadros da legenda – como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, agora entusiasta da candidatura de Aécio –, ele retirou-se do páreo em dezembro.
Empenho. Apesar disso, ainda há tucanos céticos em relação ao empenho de Serra na campanha do mineiro. No PSDB, é notório o ressentimento dos paulistas em relação a Aécio quando o ex-governador e Alckmin disputaram o Planalto, pois acreditam que o correligionário não os ajudou em Minas – os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff venceram no Estado em 2006, quando Alckmin foi candidato, e em 2010, quando o próprio Serra disputou o Planalto.
Dentro do PSDB há dúvidas sobre se o ressentimento estaria mesmo superado. Em recente entrevista de Aécio na TV Cultura, durante o programa Roda Viva, o pré-candidato tucano ao Planalto foi questionado sobre um artigo de Serra, publicado em dezembro, que falava da necessidade de se colocar na pauta do debate público de 2014 “o consumo de cocaína no Brasil”. Muitos viram como uma provocação a Aécio, que acusa o “submundo” da internet de tentar ligá-lo ao consumo da droga.
O senador mineiro respondeu, na TV, que não acreditava se tratar de algo dirigido a ele. Já Serra disse ter ficado indignado com a insinuação feita na pergunta. O ex-governador paulista ressaltou ainda que é melhor nem comentar mais o assunto para não alimentar “esse absurdo”.
O ex-governador também afirmou que “não existe nem nunca existiu” a hipótese de ser vice na chapa de Aécio. “Tinha um desejo de algumas pessoas do partido, nada além disso.”
Independentemente das promessas de Serra, a campanha de Aécio prepara um esquema diferente de estrutura no Estado de São Paulo nesta disputa. Diferentemente do que ocorreu nas eleições presidenciais passadas, o comitê da campanha ao Planalto terá uma estrutura “paralela” ao comitê estadual de Geraldo Alckmin.
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