- O Estado de S. Paulo
Embora com reflexo na eleição presidencial, é no plano estadual que a adesão do ex-prefeito Gilberto Kassab à candidatura do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, produz resultados mais importantes.
A decisão do PSD reforça a candidatura do PMDB na mesma faixa do eleitorado de Geraldo Alckmin, do PSDB, e aumenta a perspectiva de segundo turno que o governador pretendia evitar ao oferecer a vaga ao Senado na chapa ao ex-prefeito, rifando o ex-governador José Serra.
O movimento de Kassab é ruim para Alckmin, excepcional para Skaf e, em menor grau, favorece também o PT, cujo candidato, Alexandre Padilha, não decolou ainda nas pesquisas, embora não seja crível sua permanência no patamar de um dígito (4%) que registra agora.
Caso vá ao segundo turno contra Geraldo Alckmin, cenário mais provável hoje, Skaf será depositário natural dos votos petistas, como alternativa para quebrar a hegemonia tucana no Estado, meta prioritária de Lula.
Se for ao segundo turno contra o PT, cenário mais improvável hoje, o presidente da Fiesp somará aos 22% atuais a herança de votos de Geraldo Alckmin, o que lhe coloca na única posição de algum conforto na disputa estadual.
Na primeira hipótese, o PT terá no presidente da Fiesp, símbolo maior da "elite branca", sua ponte de salvação eleitoral, contradição que deixa de ter qualquer importância na geleia geral partidária no Brasil. Fica apenas como um registro caprichoso da ironia política.
Para o senador Aécio Neves, há mais ganho que perda. O movimento do PSD evitou um veto direto a Serra para seu vice, alternativa que restaria se a vaga ao Senado pelo PSDB ficasse com Kassab, como queria Alckmin, com efeito na unidade do PSDB reconquistada pelo senador mineiro.
O problema da chapa Aécio/Serra não está no presente, mas no futuro. Caso eleito, Aécio teria de conviver com um vice de expressão política consolidada, com voo próprio, convicções já afirmadas, características e virtudes que o fizeram candidato ao mesmo cargo que o senador mineiro duas vezes.
Um perfil como o de Serra não autoriza a ideia de um vice passivo, com função burocrática, mas ativo, com potencial efetivo de conflito com a equipe econômica já escolhida por Aécio.
O movimento de Kassab ainda não se completou: resta a decisão do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, convidado para concorrer ao Senado na chapa de Paulo Skaf.
Se aceitar, Meirelles é forte concorrente de Eduardo Suplicy dentro do próprio PT, caso se consolide a inviabilidade de Padilha e o partido se veja dependente de Skaf contra a continuidade tucana.
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