- O Globo
Falo da ajuda que sua coligação partidária, fortalecida na última hora pela adesão do PSD de Gilberto Kassab, pode dar à candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Quem conversou com o ex-presidente da Fiesp meses atrás ouviu dele invariavelmente que não queria aproximações com o PT e muito menos com Dilma.
Não faria a traição de apoiar outro candidato à Presidência devido à amizade com o vice-presidente da chapa oficial e líder maior do PMDB, Michel Temer. Mas temia que o PT, diante do fracasso da candidatura do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, quisesse apoiá-lo formalmente.
Não foi uma vez apenas que Skaf afastou essa possibilidade declarando-se oposição tanto ao PT quanto ao PSDB no estado. Sua candidatura, no entanto, acabou sendo abraçada mesmo à sua revelia pela cúpula do PT, que vê nela a possibilidade de vencer o governador Geraldo Alckmin, perspectiva que havia sido perdida com a fraca performance de Padilha.
A adesão de Gilberto Kassab ao projeto do PMDB em São Paulo teve a mão do ex-presidente Lula, que sempre considerou o PSD como peça importante para derrotar os tucanos em São Paulo. Uma vitória com o PMDB seria do PT, na visão dos petistas, caso Dilma se reeleja à presidência, mas, na verdade, a vitória de Skaf será a chegada ao poder do maior estado do país de um empresário com ideias próprias, e não será a máquina petista que dará as cartas.
Nem mesmo se o PT mantiver o governo central será possível classificar uma eventual vitória de Skaf como o início de uma hegemonia petista em São Paulo — o partido já tem o prefeito da capital, Fernando Haddad —, pois é praticamente certo que um governador Paulo Skaf será um aliado eventual do governo central, mas com poder político real para se colocar como uma força alternativa para 2018, ganhando traços de um candidato do PMDB competitivo à presidência da República.
Da mesma forma, um governo de Skaf com um tucano na presidência da República colocará o PMDB no papel dúbio de bloco político mais fundamental do que nunca para a governabilidade, com força de vir a ter um candidato importante à sucessão presidencial.
Assim como Skaf na prática está se transformando em uma terceira via bem sucedida em São Paulo, com potencial para vencer a eleição no Estado, e, em caso de vitória, se transformar no que Eduardo Campos gostaria de ser, o instrumento para quebrar a polarização entre PT e PSDB em São Paulo e no país.
Como efeito colateral desse que pode ser considerado já um fenômeno eleitoral, a presidente Dilma ganha novo fôlego na disputa presidencial vendo a possibilidade de um “aliado” vencer o governo de São Paulo, barrando o caminho do tucano Aécio Neves.
Não é certo, no entanto, que essa novidade traga votos para Dilma, já que Skaf continua refletindo o comportamento de seus eleitores e se recusa a apoiar formalmente a reeleição. Mesmo assim, com os apoios partidários que conseguiu, Dilma termina a primeira etapa da campanha eleitoral com uma posição de liderança consolidada pelo tempo de televisão que terá para a propaganda eleitoral e pelas pesquisas de opinião, embora em declínio.
Tem todas as condições de reverter essa situação de decadência que tem marcado as últimas pesquisas, embora a situação real da economia não tenha sofrido alterações, ao contrário da Copa do Mundo de futebol, cujo sucesso dentro do campo está se refletindo para fora dele.
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