André Guilherme Vieira – Valor Econômico
SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), responsabilizou o governo do PT pela adoção das chamadas "medidas amargas" na economia: "Não existem medidas impopulares. Existem medidas necessárias, que qualquer governo responsável terá que tomar. Repito: as medidas impopulares foram tomadas por este governo", atacou, durante sabatina promovida pelo jornal "Folha de S.Paulo", portal UOL, SBT e Jovem Pan ontem, em São Paulo.
Questionado sobre eventuais práticas consideradas impopulares que poderia aplicar à economia para fazer o ajuste fiscal, Aécio evitou elencar quais seriam as suas ações: "Os mais prejudicados pela atual política econômica são aqueles que o governo julga proteger", afirmou. "Sabe qual vai ser o reajuste real do salário mínimo neste ano, e ninguém muda isso? De um por cento", criticou.
Aécio acusou o governo brasileiro de "financiar Cuba" por meio do programa Mais Médicos e disse que pretende rever o acordo firmado pelo Brasil com o país caribenho: "Não vamos aceitar regras impostas por Cuba. Não vamos cometer o equívoco de circunscrever a saúde pública ao Mais Médicos", afirmou. E declarou considerar "um absurdo" que os profissionais cubanos recebam cerca de 20% do que a administração brasileira repassa ao governo de Cuba: "Temos de rever esse acordo. Médicos estrangeiros são bem-vindos e devem receber a mesma remuneração que os outros", avaliou.
Para Aécio, uma eventual vitória tucana geraria efeito inverso àquele inicialmente provocado quando da eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002: "Acredito que com a nossa vitória haverá uma melhora. Com a eleição do Lula houve incerteza. Uma vitória do PSDB gerará um efeito inverso", previu. "Estamos convencidos disso, inclusive com analistas de fora do Brasil', assegurou.
Sobre a declaração do presidenciável Eduardo Campos (PSB) que comparou a denúncia de compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição no governo de Fernando Henrique Cardoso ao escândalo do mensalão, Aécio disse que a denúncia "foi investigada e arquivada por falta de provas". "A minha opinião é que não houve compra de votos [para aprovar a reeleição presidencial]. Acho que o PT concorda conosco. Governa há 12 anos e por que não tentou reabrir isso? Esqueceu?", espetou Aécio.
Instado a confrontar a declaração de Campos, que disse que Aécio representa a "mudança conservadora", tratou de por panos quentes: "Ele pode até querer brigar comigo, mas não vou brigar com ele". Depois o tucano rebateu o presidenciável do PSB, dizendo que ele apoia dois dos principais governadores do PSDB - Geraldo Alckmin, cujo vice na chapa é o presidente estadual do PSB em São Paulo, Márcio França, e Beto Richa, no Paraná.
Em seguida o candidato do PSDB lançou mão de um exemplo para justificar sua opinião, de que hoje conceitos de direita e esquerda são "abstratos": "Um governo [do ex-presidente Lula] que propiciou os maiores lucros da história ao sistema financeiro. E outro [do ex-presidente FHC] que colocou 97% das crianças na escola. Qual seria o de esquerda? Nesse caso seria o do Fernando Henrique", ironizou.
O tucano disse que poderá rever o atual modelo de gestão da Petrobras e a política de preços dos combustíveis. No entanto, não disse se vai promover alterações: "Eu quero discutir o modelo. Que benefícios trouxe ao país e o que pode ser mudado."
Sobre a Copa do Mundo, Aécio disse que a presidente Dilma Roussef (PT) "tentou surfar no êxito da seleção", e disse ser contrário à intervenção do governo no futebol. No entanto, defendeu a criação "de uma lei de responsabilidade fiscal para o esporte".
Aécio reiterou que manterá o Bolsa Família, na hipótese de ser eleito: "O que eu quero é tirá-lo da agenda eleitoral, porque quem é punido é o destinatário desse programa. Os [programas] que estão dando certo, não terei problema em dar continuidade."
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