• O balanço das alianças feitas pelo PMDB nos estados é muito desfavorável à presidente Dilma. Em 27 unidades da Federação, PMDB e PT estão coligados em apenas oito estados e no Distrito Federal. Estão em lados opostos em 17 estados
- Correio Braziliense
O vice-presidente Michel Temer, candidato à reeleição na chapa de Dilma Rousseff, reassumiu ontem o comando do PMDB para tentar conter uma espécie de incêndio na floresta, que ameaça o sucesso do seu projeto de poder em aliança com o PT.
O balanço das alianças feitas pelo PMDB nos estados é muito desfavorável à petista. Em 27 unidades da Federação, PMDB e PT estão coligados em apenas oito estados (Alagoas, Minas Gerais, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Sergipe e Tocantins) e no Distrito Federal. Estão em lados opostos em 17 estados.
No Espírito Santo, no Rio de Janeiro, no Acre, no Ceará e na Bahia, o PMDB está aliado ao PSDB; já no Rio Grande do Sul, em Mato Grosso do Sul, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte e em Rondônia, os acordos são com o PSB.
Essa configuração enfraquece muito a decisão da convenção nacional do PMDB que aprovou a coligação com o PT, pois os candidatos locais estão dispostos a apoiar abertamente, nas campanhas regionais, os adversários de Dilma: o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB).
Como a campanha para a Presidência no rádio e na tevê ocorre apenas três dias da semana, os restantes, reservados às coligações regionais, poderiam beneficiar os concorrentes. É isso que Temer quer impedir, ao reassumir a presidência do partido e anunciar um périplo pelo país.
Não é uma situação nova, pois desde a candidatura de Ulysses Guimarães, em 1989, o PMDB nunca marchou unido e uma parte da legenda sempre cristianizou seus candidatos, mesmo os da própria legenda, como aconteceu com o líder das Diretas Já e, depois em 1994, com o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia.
No caso da presidente Dilma, o fato novo é que isso pode ocorrer em colégios eleitorais de monta, como o Rio de Janeiro e Ceará, onde ela obteve esmagadora maioria de votos em 2010 graças a essa aliança. Estados como Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco sempre marcharam em oposição ao PT.
Outra novidade é a situação de São Paulo, onde o PMDB renasce das cinzas com a candidatura de Paulo Skaf, o segundo nas pesquisas de intenções de votos. Aliado de Michel Temer, o presidente da poderosa Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) não quer saber de aproximação com o PT e é refratário a servir de palanque para Dilma no primeiro turno, o que cria ainda mais constrangimentos para o presidente do PMDB e companheiro de chapa da petista.
Retrocesso
Caíram como uma bomba na campanha de Dilma Rousseff os dados divulgados ontem pela Unaids, programa conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, que aponta a elevação do índice de novos infectados pelo vírus no Brasil em 11% entre 2005 e 2013, tendência contrária aos números globais, que apresentaram queda de 27,5%. O Brasil era considerado um exemplo de política de combate ao HIV/Aids desde a gestão do tucano José Serra no Ministério da Saúde.
A campanha de Dilma pretendia capitalizar ao máximo o polêmico programa Mais Médicos, que enfrentou grande resistência corporativa, mas é considerado um indiscutível sucesso do Ministério da Saúde pelo apoio popular, inclusive à vinda de médicos cubanos para atuar nos grotões e periferias das grandes cidades do país. Até os candidatos de oposição estão defendendo a manutenção do programa, mas o tema do HIV/Aids agora virou uma agenda negativa do governo.
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