• PSB prepara documento com diretrizes econômicas, que deverá manter os compromissos da campanha de Eduardo Campos e será anunciado junto com a oficialização da chapa
Sonia Filgueiras – Brasil Econômico
O PSB deverá apresentar após a reunião da Executiva Nacional, amanhã, sua versão de uma "Carta ao Povo Brasileiro", na qual estabelecerá suas diretrizes para um eventual futuro governo, em especial na área econômica. A declaração deverá será acompanhada da oficialização de Marina Silva como candidata à Presidência, decisão praticamente consolidada. O partido está debatendo os termos do texto cujo objetivo principal é tentar manter os votos amealhados por Marina nas pesquisas mais recentes e ganhar apoios entre os atores econômicos. A disposição dos integrantes da legenda mais ligados a Eduardo Campos é reafirmar seus compromissos econômicos gerais e, ao mesmo tempo, reforçar a credibilidade junto ao mercado, de forma a manter os novos eleitores catados pelas pesquisas.
Entre os princípios defendidos por Campos estão o controle dos gastos públicos, o combate à inflação, a autonomia de atuação ao Banco Central e o desenvolvimento econômico. Mas os detalhes — que dizem muito sobre o que virá pela frente — ainda estão indefinidos. Por exemplo, a meta de superávit fiscal. Embora tenha posições críticas em relação ao agronegócio, Marina tem como conselheiros economistas respeitados de linha mais liberal, como Eduardo Gianetti da Fonseca. Ontem, durante evento em São Paulo, o economista defendeu um "choque crível de credibilidade" por parte do próximo governo. Ele também criticou o controle de preços de curto prazo, referindo-se ao represamento de preços administrados pelo atual governo, e defendeu o tripé econômico clássico que combina metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário. "As três pernas do tripé estão absolutamente fragilizadas", disse.
Sobre o nível dos gastos públicos, o economista afirmou que existe margem para "um pouquinho" de ajuste fiscal no curto prazo. "O Estado brasileiro não cabe dentro do PIB brasileiro", disse, sem entrar em detalhes. Como contraponto, Gianetti afirmou que , apesar do quadro difícil, a situação econômica brasileira "é ruim, mas não é desastrosa" e sua capacidade de reação "é forte". "Temos plena condição de retomar em 2015 a tendência de crescimento", completou. Mas, durante sua apresentação, Gianetti frisou que falava em caráter pessoal, e não como assessor da campanha do PSB. "Muito do baixo crescimento econômico que vemos hoje está relacionado com a piora das expectativas.
Seria útil que Marina e o PSB esclarecessem seu programa econômico, ainda pouco claro", diz o economista Gesner Oliveira, sócio-diretor da GO Associados. "Marina tende a dar um estilo próprio ao programa, mas não acredito em mudanças profundas em relação às linhas gerais. A questão é que essas linhas estão ainda indefinidas", completa Oliveira. O cientista político e professor da Escola de Administração da FGV-SP, Claudio Gonçalves Couto, também espera que o PSB defina com mais clareza suas posições, mas avalia que o perfil econômico não mudará. "Os economistas de um e de outro (referindo-se a Eduardo Campos e Marina) já vinham dialogando há tempos, a aproximação já está dada".
Para Couto, a atuação econômica de um eventual governo Marina seria um meio termo: "Semelhante ao que se viu no primeiro ano do governo Lula, durante a gestão de Antônio Palocci na Fazenda — algo intermediário entre a condução atual, de Guido Mantega, e a realizada pela dupla Pedro Malan e Gustavo Franco na gestão FHC". Para Couto, o que pode mudar é a capacidade de arrecadação da chapa, com o impulso que ganhou nas pesquisas após a trágica morte de Campos. O cientista políticos acrescenta que Marina tem condições de atrair uma fatia dos atores econômicos inclinados a apoiar tanto Dilma quanto Aécio Neves, com exceção do agronegócio. "Nesse caso não me parece haver conciliação possível, mas o agronegócio não chega a eleger ou deseleger ninguém", arremata . com Reuters
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