• Questionada sobre escândalos de corrupção, candidata se defende e diz que nem todas acusações foram comprovação de crime
Carla Araújo – O Estado de S. Paulo
A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, disse há pouco, durante entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, que seu governo não foi complacente com a corrupção. Questionada sobre a dificuldade de formar desde o início de seu governo uma equipe "honesta", Dilma afirmou que foram os governos do PT os que mais investiram em mecanismo de combate à corrupção. "A Polícia Federal no meu governo e no governo Lula ganhou imensa autonomia para investigar, punir e prender", disse.
Dilma destacou ainda a atuação do Ministério Publico e disse que o governo petista tem uma "situação muito respeitosa" com o MP. "No nosso governo nenhum procurador foi chamado de "engavetador geral da República", disse, referindo-se ao procurador-geral do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Geraldo Brindeiro.
A presidente ressaltou que apesar do número elevado de denúncias de corrupção no seu governo, como elencou o apresentador do Jornal Nacional, nem todas resultaram em comprovação de crime. "Muitos daqueles que foram (acusados) pela mídia como tendo praticado atos indevidos foram posteriormente inocentados", afirmou. "Nem todas as denúncias de escândalo resultaram na constatação de punição e condenação."
Questionada sobre a pressão dos partidos para manter espaço após trocas de membros acusados de corrupção, Dilma afirmou que os "partidos podem fazer exigências (de indicações) e eu só aceito quando são íntegros e competentes". "Recentemente fui muito criticada por ter substituído Cesar Borges (no Ministério dos Transportes) pelo Paulo Sérgio", lembrou. "Os dois são pessoas que escolhi, que eu confio."
Mensalão. A presidente não quis comentar as condenações de integrantes do PT no processo do mensalão. Segundo Dilma, como atual presidente da República, não é adequado questionar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). "Não faço observação sobre julgamentos do Supremo por um motivo simples, a constituição exige que o presidente da República, como exige dos demais chefes de poder, que respeitemos e consideremos a importância da autonomia do Supremo", afirmou.
Sobre a atuação do seu partido no caso, que tratou os condenados "como guerreiros", Dilma esquivou-se. "Tenho minhas opiniões pessoais", disse. "Não vou tomar posição que me coloque em confronto; respeito a decisão da Suprema Corte", reforçou.
A entrevista com a presidente Dilma, que aconteceria no dia 13, foi cancelada por conta da morte do então candidato do PSB Eduardo Campos. Da mesma forma, Pastor Everaldo (PSC) também teve sua participação adiada da semana que vem para amanhã. Aécio Neves (PSDB) já participou do programa, no dia 12, assim como o próprio Campos, que concedeu entrevista na véspera do acidente que culminou com sua morte. Assim que o PSB oficializar a escolha de Marina Silva como substituta de Campos, a TV Globo deve convidá-la para comparecer a bancada do Jornal Nacional. A data ainda não foi escolhida, mas deve ser na semana que vem.
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