• Em discurso, viúva de Campos não comenta cenário nacional. PSB segue na busca de nome para vice
Eduardo Bresciani, Júnia Gama e Sérgio Roxo – O Globo
RECIFE - A despeito de pressões do PSB para que se posicionasse a respeito da sucessão na disputa nacional, a viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, deu sinalizações claras ontem, o primeiro dia após o enterro do marido, de que pretende restringir sua atuação, em um primeiro momento, à política em Pernambuco. Em conversas reservadas, Renata tem demonstrado que não pretende assumir um papel mais efetivo na chapa presidencial, como vice de Marina Silva.
Dirigentes do PSB diziam que a definição do vice de Marina passaria por Renata, que teria a vaga caso assim desejasse ou poderia indicar um nome de sua preferência para a função. Sem um posicionamento claro de Marina, o nome mais forte dentro do PSB continua sendo o do deputado Beto Albuquerque (RS).
Pela manhã, Renata participou de evento do PSB local, um ato para reafirmar e reforçar a candidatura de Paulo Câmara (PSB), escolhido por Campos para sucedê-lo no governo. A cúpula socialista esperava que Renata fizesse alguma manifestação a respeito do cenário nacional, mas ela restringiu seu discurso à campanha pernambucana.
Em sua primeira atividade política depois da morte do marido, a viúva de Campos foi econômica nas palavras e evitou fazer qualquer referência à campanha presidencial. Mesmo assim, ouviu boa parte dos cinco mil presentes ao encontro promovido por partidos que compõem a aliança de Paulo Câmara pedirem em coro para que ela assuma o posto de vice de Marina.
- Como participei a vida toda de campanhas, não será diferente nessa. Pelo contrário, tenho a sensação que tenho que participar por dois. Vim porque sei da vontade dele e da importância de eleger Paulo (Câmara), Raul (Henry) e Fernando (Bezerra). Depois de todos esses anos de tanto trabalho, de tantas coisas feitas, de tantas transformações, sabendo que muita coisa ainda precisa ser feita, outras consolidadas, a gente pensava: precisamos garantir essa vitória, pois só assim é possível fazer esse sonho ir adiante. Acho que só depende de nós - disse Renata, durante o seu discurso lido na tela do celular.
"Contem com a gente"
Rodeada pelos filhos, ela falou por cerca de três minutos e assegurou que os candidatos do PSB no estado terão ajuda da família.
- Estou aqui com Duda, João, Pedro, José e Miguel (seus filhos) para dizer ao Paulo (Câmara, candidato do PSB ao governo do PE), ao Raul (Henry, vice na chapa) e ao Fernando (Bezerra, candidato do PSB ao Senado): contem com a gente! - disse Renata, que fazia aniversário ontem.
O encontro, realizado em uma casa de eventos do Recife no final da manhã, havia sido marcado por Campos, antes da tragédia, e tinha objetivo de pedir a intensificação da campanha do PSB local. Depois de sua morte, integrantes da aliança chegaram a questionar a manutenção da candidatura de Paulo Câmara, que não tem apresentado bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto.
- Acho que devem estar pensando: Renata aqui hoje? Eu estava, como estive em tantos momentos, ao lado de Dudu, quando ele pediu para marcar essa reunião. Depois da tragédia, o Sileno (Guedes, presidente do PSB de Pernambuco) me perguntou: "E agora?" Eu disse: "Mantenha tudo como ele queria".
Na única referência ao projeto nacional, Renata citou a frase dita pelo marido na véspera da morte em entrevista ao "Jornal Nacional" e que se transformou num espécie de slogan do PSB para a sucessão presidencial.
- Pode parecer que nosso maior guerreiro não está na luta. Mas seus sonhos estarão sempre vivos em nós. Fica tranquilo, Dudu. Teremos a sua coragem para mudar o Brasil. Não desistiremos do Brasil - finalizou, sendo saudada com o grito de "Renata, guerreira do povo brasileiro".
Mais cedo, no mesmo evento, o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, citou aos militantes do partido o papel que a viúva de Campos terá dentro da legenda daqui para frente.
- Depois de Arraes, depois de Eduardo, o nosso partido tem uma nova liderança que representa não apenas a alma pernambucana, mas também a alma brasileira. A grande liderança do partido hoje é Renata Campos - discursou Amaral.
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