- Folha de S. Paulo
Marina Silva preocupa muito o PT, entre outras coisas, porque a ex-ministra do Meio Ambiente é, na política brasileira, a figura que mais se assemelha ao ex-presidente Lula.
Assim como o petista, Marina tem uma história de vida impressionante. Morou no seringal até os 16 anos, passou fome, só aprendeu a ler e a escrever na adolescência, sobreviveu a doenças tropicais e a uma contaminação por mercúrio, trabalhou como empregada doméstica e, apesar de tudo isso, chegou aonde chegou. Bem trabalhada numa campanha, Marina vira rapidinho o "Lula da Amazônia".
O fato de ela ser dissidente do PT, ex-ministra de Lula, também é um problema para a reeleição da Dilma, sobretudo num cenário em que a maioria do eleitorado demonstra desejar alterações na rota do governo, mas não espera uma guinada de 180º --tanto que o próprio Aécio fez questão de dizer em sua propaganda que o Brasil está pior do que "quatro anos atrás", o que é, no final das contas, uma admissão de que as coisas iam bem nos anos Lula.
É evidente que nada disso permite afirmar que Marina vencerá a eleição nem que estará no segundo turno.
A ex-ministra dispõe de pouco tempo de campanha na TV --quase um sexto de Dilma e a metade de Aécio--, alianças frágeis ou inúteis em muitos Estados e enfrenta não apenas a presidente da República, mas o próprio Lula, que está na linha de frente do horário eleitoral.
Além disso, enquanto Dilma fala em "Bolsa Família", "Minha casa, Minha vida" e "Mais Médicos", Marina faz um discurso embromado que pouca gente consegue reproduzir para além de palavras vagas como "sustentabilidade" e "nova política".
De qualquer modo, uma coisa ficou clara desde a morte de Eduardo Campos. Pela primeira vez, o PT entra em uma campanha realmente com medo de ser desalojado do Palácio do Planalto. Convém tirar as crianças da sala.
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