• Paulo Roberto Costa acusa senadores, deputados federais e um governador
• Executivo que decidiu colaborar com a Justiça afirma que partidos dividiam 3% do valor dos contratos da estatal
Mario Cesar Carvalho – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que 12 senadores, 49 deputados federais e pelo menos um governador receberam dinheiro desviado da estatal, de acordo com pessoas familiarizadas com as investigações da Operação Lava Jato.
Os políticos ficavam com 3% do valor dos contratos da Petrobras na época em que Costa era diretor da estatal, entre 2004 e 2012, segundo o relato feito pelo executivo a procuradores e policiais. Costa decidiu em agosto colaborar com as autoridades para tentar reduzir sua pena quando o caso chegar à Justiça.
O ex-diretor da Petrobras apontou políticos de três partidos, o PT e dois dos principais integrantes da coalizão que apoia o governo petista no Congresso, o PMDB e o PP. Costa foi indicado ao cargo pelo PP, mas depois ganhou o respaldo do PT e do PMDB.
Logo depois de sua prisão pela Polícia Federal, em março, Costa disse em sua cela que não haveria eleições neste ano se ele revelasse tudo o que sabe sobre os parlamentares. Sua decisão de colaborar com as autoridades espalhou o pânico entre políticos e dirigentes de empreiteiras.
O depoimento de Costa chegou no começo desta semana ao Supremo Tribunal Federal para que o ministro Teori Zavascki homologue o acordo de delação premiada feito pelo executivo com os procuradores. Os políticos citados por Costa só poderão ser investigados com autorização do STF, onde parlamentares têm foro privilegiado.
A Folha não teve acesso à íntegra do depoimento do executivo, que é mantido em sigilo pelas autoridades.
O ex-diretor decidiu fazer um acordo de delação premiada no último dia 22, depois que a Polícia Federal fez buscas em empresas de suas filhas e de um amigo dele.
Numa das empresas, a PF encontrou indícios de que Costa tem mais contas no exterior do que aquelas que já foram descobertas na Suíça.
Em junho, autoridades suíças enviaram ao Brasil documentos que mostram que Costa e seus familiares tinham US$ 23 milhões (R$ 52 milhões) em contas secretas.
A descoberta das contas na Suíça foi o motivo citado pelo juiz federal Sergio Moro para decretar a prisão de Costa pela segunda vez, em 11 de junho. Ela havia sido preso pela primeira vez em 20 de março, sob acusação de destruir documentos, mas foi libertado por decisão do Supremo.
Costa é acusado de ter dirigido um esquema de corrupção que teria desviado recursos da Petrobras em parceria com o doleiro Alberto Youssef, que também está preso numa cela da PF em Curitiba.
Assessores da presidente Dilma Rousseff disseram nesta sexta-feira (5) que as consequências das revelações de Costa para a campanha eleitoral são imprevisíveis. Eles acham que Dilma não será pessoalmente atingida, mas temem estragos na imagem da Petrobras e do governo.
Dilma foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil e presidiu o conselho de administração da Petrobras.
Sem citar diretamente o ex-diretor da Petrobras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta que quando aliados cometem erros precisam ser punidos.
Lula disse que alguns aliados às vezes causam problemas, mas que um partido não pode ser responsabilizado.
"Se dentre nós, alguém cometer erro, que pague. O que a gente não pode é perder o orgulho de ser petista".
Colaborou Valdo Cruz, de Brasília, e Márcio Falcão, de São Paulo
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