- Folha de S. Paulo
Peças do jogo pesado da campanha petista contra Marina Silva, os comerciais atacando propostas da principal adversária de Dilma têm, no fundo, tudo a ver com as convicções da presidente.
Em seu formato simplificado de mostrar os pontos fracos de Marina na visão petista, a propaganda dilmista reflete o que foi o seu primeiro mandato no Palácio do Planalto.
Banqueiros são retratados como devoradores de pratos de comida e de emprego dos trabalhadores na peça que ataca a proposta de Banco Central independente. Só faltou dizer que eles comem criancinhas.
Executivos são "flagrados" comemorando quando um narrador diz que a ideia de não priorizar o pré-sal vai tirar R$ 1,3 trilhão da saúde e educação. Afinal, empresário só quer lucrar, que se danem os outros.
Resumos fieis de como banqueiros e empresários da produção foram tratados em boa parte da gestão Dilma --com certo preconceito e ojeriza ao apetite deles pelo lucro.
Banqueiros seguem inimigos da pátria no PT. Empresários do setor produtivo já são mais bem tratados depois que Dilma descobriu que, sem eles, o país não anda e que o Estado não dá conta do recado.
Mas o que vale, hoje, é que o jogo bruto surtiu efeito. Dilma reagiu e Marina parou de crescer nas pesquisas. A ambientalista, porém, pode desenvolver vacinas contra a artilharia pesada do PT, obrigado a usar tal munição cedo demais.
Aí, Marina chegaria mais forte ao segundo turno, o que deve fazer a campanha dilmista subir o tom dos ataques para evitar tal cenário. O risco é errar na dose. Não só este, mas também destruir pontes, já dinamitadas, além do recomendável.
Conhecedores da alma da presidente temem que, reeleita neste clima acirrado, ela pode não sentir necessidade de recompor uma boa relação com políticos e empresários e se achar mais forte e livre para fazer tudo a seu estilo. Bem diferente do que Lula tem prometido por aí.
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