- Folha de S. Paulo
Para cada problema complexo existe uma solução simples. Em geral, errada. Essa é a lógica por trás de uma ideia que tem sido muito propagada: acabar com a reeleição para cargos executivos (prefeitos, governadores e presidente da República).
No início da campanha, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) defenderam a proposta. Em seguida, Marina Silva abraçou a ideia. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa fez defesa enfática da tese: "A reeleição funciona como a mãe de todas as corrupções".
Aécio e Marina acham que a reeleição deve ser eliminada e todos os mandatos então seriam aumentados de quatro para cinco anos. Todas as eleições passariam a ser coincidentes ""de vereador a presidente da República.
É curioso Marina "nova política" Silva estar de acordo com uma alteração que afastará os eleitores dos políticos. Isso mesmo. Hoje, os brasileiros votam a cada dois anos. Se vingar o que ela e Aécio sugerem, as eleições se darão apenas a cada cinco anos.
No mais, há um senso comum (equivocado) sobre a reeleição ser sinônimo de uso da máquina estatal, com recondução automática do governante. A vida real é bem diferente. Primeiro, basta observar o calor pelo qual passa Dilma Rousseff para tentar ficar outros quatro anos no Palácio do Planalto.
Há uma estatística contundente nos Estados. Desde 1998, quando a reeleição passou a ser possível, 77 governadores tentaram ficar no cargo para um segundo mandato (até 2010). Desses, só 50 tiveram sucesso. Ou seja, 35% dos que tentam a reeleição são rejeitados pela urnas.
Tudo considerado, o fim da reeleição não redimirá a política. Pior. Acabar com esse instituto vai privar bons políticos --do PT, do PSDB ou de qualquer partido-- de ficar mais um mandato quando estiverem fazendo uma administração correta.
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