• Aécio se esforça para seduzir os aliados de Marina, que ainda discutem o que fazer no segundo turno, com exceção do PPS, cuja executiva decidiu ontem apoiar o tucano sem grandes exigências
Correio Braziliense
O candidato da Coligação Muda Brasil à Presidência da República, Aécio Neves, reafirmou ontem seu compromisso com a proposta de um mandato de cinco anos para todos os cargos públicos e fim da reeleição para presidente, governador e prefeito. A proposta é uma das três exigências da candidata do PSB, Marina Silva. As outras duas também não são nenhum problema: a educação integral e o desenvolvimento sustentável. Isso significa que o apoio da terceira colocada está quase garantido. Falta combinar com o PSB e a Rede, que se reunirão hoje.
“Não estamos falando do fim da reeleição para presidente da República apenas, em que a decisão unilateral do candidato resolveria o problema. Estamos falando de reeleição de governadores e de prefeitos. Precisa haver um entendimento no Congresso Nacional em relação a isso”, explica Aécio. Segundo o tucano, a atuação de Dilma na Presidência da República acabou degradando o conceito de reeleição, graças à “mistura sem limites entre o público, o privado e o partidário”.
Aécio se esforça para seduzir os aliados de Marina, que ainda discutem o que fazer no segundo turno, com exceção do PPS, cuja executiva decidiu ontem apoiar o tucano sem fazer grandes exigências, apenas destacando o que há de comum entre a legenda e o PSDB. O posicionamento da coligação — que, além de PSB e PPS, inclui PHS, PPL, PRP e PSL — somente será anunciado amanhã. Segundo Roberto Freire, o fato de o PPS apoiar Aécio antes da coligação é normal. “Temos autonomia para decidir o que deve fazer da sua vida”, disse.
Na cúpula do PSB, que deve se reunir hoje, instalou-se uma disputa entre o atual presidente Roberto Amaral, que defende uma posição de independência, e o deputado Beto Alguquerque, vice de Marina, que apoia Aécio. Na Rede Solidariedade, o círculo mais próximo de Marina também defende o apoio a Aécio, mas há lideranças que desejam a independência. Um dos coordenadores de campanha da candidata do PSB, Walter Feldman, antecipou que Marina não assumirá uma posição de neutralidade. Pretende ser protagonista no segundo turno.
O PT sentiu o golpe e o presidente da sigla, Rui Falcão, reiterou a disposição da legenda de buscar uma reaproximação da ex-senadora acriana com Dilma, o que é praticamente impossível a essa altura do campeonato, por causa dos duros ataques dos petistas à candidata do PSB. O discurso do dirigente partidário, porém, mira os eleitores de Marina.
Dilma e aliados
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, deixou o cargo para reforçar a campanha eleitoral petista. Uma de suas tarefas será fazer interlocução com setores empresariais, nos quais Armínio Fraga, responsável pelo programa econômico de Aécio, nada de braçada. A presidente Dilma Rousseff comunicou a decisão num encontro com 35 senadores e governadores eleitos, presidentes de partidos da base, além de atuais governadores e senadores. Apesar disso, a petista minimizou o peso desses apoios na decisão de voto dos eleitores. “Fico feliz quando me apoiam. Sei perfeitamente, pela experiência política, que ninguém é dono de eleitor.”
O problema crucial de Dilma é a baixa votação que obteve em São Paulo. “Achamos São Paulo um estado muito importante. Eu pretendo dar toda atenção, olhar com muito cuidado, inclusive propostas específicas para São Paulo, e abrir o debate, a discussão e a comunicação em todos os setores de São Paulo.” A primeira medida quanto a isso foi escalar o candidato petista derrotado Alexandre Padilha para coordenar a campanha no estado.
A campanha de Dilma Rousseff será reiniciada pelo Nordeste, com a ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois o comando da campanha teme um avanço do tucano na região, principalmente depois que os governadores eleitos de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e do Maranhão, Flávio Dino (PcdoB), manifestaram a intenção de apoiar Aécio.
Durante a reunião com os aliados, Dilma voltou a elogiar os governos do PT, dizendo que com a expansão da classe média foi possível modificar a pirâmide social do país, onde havia mais pobres do que membros das demais classes sociais. “Isso que transformou o Brasil de forma pacífica e silenciosa, a modificação na distribuição de renda que levou a esse perfil diferenciado.” Dilma defendeu que os próximos governos devem “melhorar a qualidade do emprego para a classe média brasileira”, sem deixar de olhar para os pobres. Essa é a principal aposta da estratégia governista.
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