• Em claro gesto para sensibilizar os eleitores da ex-ministra, candidato do PSDB adota discurso ‘marinês’
Pedro Venceslau e Elizabeth Lopes - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Aécio Neves, incorporou nesta terça-feira o “marinês” em seu discurso para sensibilizar os eleitores da ex-ministra Marina Silva, que ficou de fora do 2.º turno. Em seu primeiro evento de campanha nesta fase final da eleição, Aécio disse em São Paulo que pretende liderar uma “nova política” no País.
O candidato do PSDB visitou operários de uma obra da construção civil na capital paulista ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do senador eleito José Serra (PSDB). “Estou pronto para liderar um projeto em favor do Brasil, em favor de uma nova política, em favor de uma construção coletiva. Nossa proposta de governo é sempre aberta a novas contribuições. É uma obra que não termina. Uma construção permanente”, afirmou.
Marina adotou o conceito de “nova política” como peça-chave do seu discurso no 1.º turno e disse reiteradas vezes que o programa de governo é uma construção plural e permanente. O afago de Aécio foi feito depois de a ex-ministra ter decidido pelo apoio ao candidato em troca de um “acordo programático”. A ideia de Marina é criar convergências das propostas dela com as do tucano, pedindo pequenas alterações no plano de governo de Aécio. A declaração de Aécio sobre a “nova política” se encaixa nessa tentativa de convergência.
A ex-ministra do Meio Ambiente, que é ex-petista, deve anunciar o apoio ao tucano em evento marcado para amanhã.
Marina e Aécio tem programas de governo parecidos, principalmente na economia. A principal divergência está na questão da maioridade penal. O tucano é a favor da redução em casos de crimes gravíssimos. A ex-ministra ainda não falou sobre isso.
Em sua fala de na terça-feira, o tucano destacou “convergências importantes” nos programas . Ambos defendem no papel, por exemplo, o fim da reeleição.
O tucano, porém, desconversou na terça-feira ao ser questionado se colocará a proposta em prática já para as eleições de 2018. “É uma questão para ser discutida. Não morro de amores pela reeleição, mas estamos falando em teses”, disse Aécio.
Vice. Enquanto visitava a obra ao lado de correligionários na terça-feira na capital, Aécio recebeu um celular das mãos do deputado Paulinho da Força (SDD), presidente licenciado da Força Sindical e membro da coordenação política da campanha tucana. Do outro lado da linha estava Beto Albuquerque (PSB), candidato a vice na chapa de Marina.
Os dois conversaram brevemente. Em outro momento na mesma caminhada, foi o presidente do PPS, Roberto Freire, que apoiou Marina no 1.º turno, quem telefonou para o tucano.
Depois da atividade com os operários, Aécio reuniu-se com o presidente do PSB paulista e vice-governador eleito na chapa de Alckmin, Márcio França, que já defendeu publicamente que os pessebistas subam oficialmente no palanque do tucano.
Em outra frente, Aécio escalou o ex-deputado Fábio Feldman, que apoiou Marina na eleição presidencial de 2010, para entrar em contato com os “marineiros”. Coordenador de meio ambiente no programa de governo tucano, Feldman procurou Sérgio Xavier - ex-secretário de Meio Ambiente de Pernambuco e ativista histórico da causa ambiental. Ele é muito próximo de Marina e passou a terça-feira o dia em São Paulo reunido com a ex-ministra e o grupo dela.
Segundo integrantes do núcleo político da campanha aecista, o movimento de aproximação com Marina está sendo intenso, mas tem sido feito com cautela.
O PSDB e as siglas que apoiam Aécio realizarão hoje, em Brasília, um ato político em defesa do tucano. Estarão reunidos todos os candidatos a deputado, senador e governador eleitos e não eleitos no 1.º turno. O local escolhido foi o Memorial JK. / COLABOROU LUIZ GUILHERME GERBELLI
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