• Interlocutores da ex-senadora negociam as condições para apoiar Aécio
Sérgio Roxo – O Globo
SÃO PAULO e RIO - Embora já tenha dado declarações sinalizando que deve apoiar Aécio Neves (PSDB) no segundo turno, e seus aliados tenham reconhecido que esse é o caminho natural, a terceira colocada no primeiro turno das eleições presidenciais, Marina Silva (PSB), procurou mostrar ontem que a aliança com o tucano ainda não está sacramentada. Ela informou que a sua posição só sairá amanhã.
Em nota divulgada ontem, a assessoria da coligação da candidatura diz que "as opiniões individuais de cada partido, dirigentes e lideranças políticas das agremiações neste momento de construção devem ser respeitadas mas não refletem em nenhuma hipótese a opinião da ex-candidata". A coligação frisou que os partidos promoverão até hoje "reuniões de suas instâncias deliberativas para definirem os pontos que consideram relevantes para a formulação de posicionamento conjunto das legendas aliadas".
"Na quinta-feira, dia 9, Marina Silva e as demais lideranças dos partidos aliados participarão de encontro para construir um posicionamento comum da coligação sobre a continuidade da disputa pela Presidência da República", diz o texto.
Em plenária virtual, neutralidade vence
Na nota divulgada pela Rede, o partido que Marina tentou criar ano passado, mas teve o registro negado pela Justiça Eleitoral, também é reafirmado que a definição do futuro da candidata derrotada não está certo. "Ao contrário do que tem sido afirmado no noticiário nacional, nem a Rede Sustentabilidade, nem Marina Silva definiram seu posicionamento político sobre o segundo turno das eleições presidenciais".
A Rede informou que, no momento, a prioridade são as conversas. "Tanto a Rede quanto Marina, neste momento, estão dedicados a ouvir e dialogar com seus pares para que, juntos, possam chegar a um consenso sobre qual posição tomar diante do cenário nacional. Portanto, as notícias divulgadas até o momento não passam de especulações."
Ontem à noite, Marina participou de uma conferência virtual com dirigentes nacionais da Rede em todo o país. Numa consulta informal sobre a posição a ser adotada no segundo turno, 30 integrantes da cúpula do movimento votaram a favor da neutralidade, postura adotada por Marina em 2010. Outros 17 votaram favoravelmente a um apoio formal a Aécio e só um dirigente apoiou a aliança com a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT).
Hoje, Marina vai se reunir com dirigentes dos partidos que fizeram parte de sua coligação. A decisão oficial sobre a posição no segundo turno vai ser divulgada amanhã.
Domingo à noite, após divulgado o resultado da eleição, Marina afirmou que o resultado das urnas indicam que "o Brasil sinalizou claramente que não concorda com o que está aí" e que "não dá para tergiversar com o sentimento do eleitor". Também deu indícios de que não deve ficar neutra, como fez no segundo turno da eleição de 2010, entre Dilma e José Serra (PSDB).
Ao chegar ontem à casa de Marina, Sérgio Xavier, um dos principais interlocutores da ex-senadora, disse que um acordo com Dilma é muito difícil devido aos ataques duros que a petista fez à candidata do PSB no primeiro turno.
- A campanha (de Dilma) foi muito dura, muito grosseira, com muitas mentiras, que não foi bom para a democracia. Isso gerou um certo afastamento - afirmou Xavier.
Interlocutores de Marina deram sequência ontem às negociações com tucanos para a adesão de Aécio a pontos do programa de governo do PSB. O grupo da candidata derrotada exige que o presidenciável do PSDB se comprometa com pontos como o fim da reeleição, a agenda da sustentabilidade e a antecipação da meta de investimento de 10% do PIB em Educação.
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