A última grande surpresa da disputa presidencial, com a chegada de um Aécio Neves muito competitivo ao 2º turno, reflete-se, pelo menos até agora, em espaço bem maior no debate eleitoral (na imprensa e no próprio horário “gratuito”) para os problemas da economia: inflação, queda de investimentos, PIB próximo de zero, desemprego na indústria, aguda crise fiscal. Bem como para as ligadas mais diretamente à gestão do Palácio do Planalto: a precariedade da infraestrutura e dos serviços públicos em geral. Espaço que inviabiliza a centralidade que o marketing da candidata governista esperava conferir às ações e promessas assistencialistas para nova etapa de “desconstrução” do campo adversário. Objetivo que poderia ser facilitado na disputa final com uma Marina Silva debilitada pela grosseira “desconstrução” já sofrida no 1º turno, e provavelmente forçada a submeter-se à pauta populista do lulopetismo.
Ao peso significativo ganho por questões relevantes da economia se soma o debate do gigantismo estatal, do desenfreado aparelhamento partidário e do consequente enorme salto da corrupção em contratos governamentais. Debate mantido e reforçado por mais revelações sobre o megaescândalo da Petrobras. Que coloca a campanha reeleitoral na defensiva.
A culpa é da imprensa ....
Trechos de reportagem do Valor, de ontem, com o título “Para ministro, momento do PT é ‘delicadíssimo’ (Gilberto Carvalho diz que sigla encontra resistência da classe média e é difícil até andar com broche de Dilma)”. “Para Carvalho, há hoje uma batalha no campo da comunicação, que não se pode mais menosprezar. Carvalho chamou Aécio de boneco que, como um ventríloquo, fica repetindo um discurso da década de 40 de que a esquerda é corrompida, incompetente e não sabe gerir o Estado. ‘Isso ganhou um enorme apoio das classes médias porque nós, e vou falar de peito aberto para vocês, fomos brutalmente incompetentes no governo em travar a batalha da comunicação.
Permitimos que financiássemos os veículos que hoje nos apunhalam, que fazem de tudo para construir a realidade de que nós somos os inventores da corrupção”. “Carvalho disse que um discurso de ódio foi plantado e que, em São Paulo está difícil andar com um broche ou uma bandeira de Dilma. ‘O ódio eles foram construindo com a gente sendo chamado (sic) de ladrão com muita frequência, com desprezo, de um grupo de petralhas. Esse é o grau de dificuldade’, disse aos militantes (num encontro realizado no Recife, com o objetivo de reanimá-los para a campanha do 2º turno)”.
Quadro do governo Dilma de estrita confiança do ex-presidente Lula, Gilberto Carvalho antecipa o que, no caso de derrota da candidata governista à reeleição, deverá ser apontado como razão básica do insucesso: a ampla liberdade de imprensa existente no país. Que, certamente, será posta em xeque no cenário – que segue sendo possível – de mais um mandato do PT no Palácio do Planalto. Através do projeto do partido para o “controle social” da mídia, ou da recente proposta da própria presidente para a “regulação econômica” das empresas do setor a partir das de televisão. Seguindo os passos do governo de Cristina Kirchner, da Argentina, para o desmonte do grupo Clarin.
Jarbas de Holanda é jornalista
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