- Folha de S. Paulo
No princípio, era o caos. O político se candidatava a deputado pelo Partido do Não. Depois de eleito, negociava seu passe e exercia o mandato pelo Partido do Sim. O troca-troca turbinava a bancada governista e encolhia a oposição, distorcendo a vontade do eleitor.
Assim funcionava o Congresso até 2007, quando o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que os mandatos pertenciam às legendas. Quem insistisse em mudar de time seria cassado. Exceções, só em casos excepcionais, como perseguição pessoal ou criação de uma nova sigla.
O sistema parecia se civilizar quando Gilberto Kassab descobriu a chamada janela da infidelidade. Fundou o PSD e atraiu 55 deputados ansiosos por se aproximar do poder. Ele fez questão de anunciar que a legenda não seria "nem de direita, nem esquerda, nem de centro". Para pular a cerca sem perder o cargo, bastava ser "a favor do Brasil".
O truque deu certo, e o ex-prefeito, que amargou um terceiro lugar na eleição para o Senado, acaba de virar ministro de Dilma Rousseff. Agora ele quer repetir a dose. Vai criar outra legenda, com o mesmo nome do finado Partido Liberal.
Os aliados de Kassab deixam claro que o objetivo é driblar a lei. As assinaturas para registrar o PL estão sendo coletadas por políticos do PSD. O plano é atrair o máximo de parlamentares, fundar o novo partido e incorporá-lo ao já existente.
Na prática, o PL não funcionará: só vai servir para abrir outra janela aos infiéis. Se a Justiça Eleitoral não endurecer as regras e barrar a manobra, o ex-prefeito ainda conseguirá barganhar mais um ministério.
O Carnaval ainda não chegou e a roubalheira na Petrobras já virou piada nos blocos do Rio. Um folião tem saído às ruas com um "pau de yousselfie", em homenagem ao doleiro que distribuía verba desviada da estatal. No lugar do celular, pendurou um maço de notas falsas.
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