domingo, 11 de janeiro de 2015

Políticos de temperamento forte prometem mudança de perfil

• Grupo de parlamentares conhecidos por polêmicas querem fugir de brigas

Fernanda Krakovics e Júnia Gama – O Globo

BRASÍLIA - Políticos veteranos se preparam para assumir repaginados seus mandatos, no dia 1º de fevereiro. Alguns como Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Luizianne Lins (PT-CE), conhecidos por seu temperamento forte, prometem uma atuação mais light nos próximos anos — para o ceticismo de alguns colegas no Congresso.

Outros, como Heráclito Fortes, mudaram de orientação política. Ele concluiu seu mandato de senador pelo Piauí, em 2011, no DEM, partido à direita. Agora, foi eleito deputado federal pelo PSB, legenda socialista. Para ele, no entanto, não haverá diferença:

— Hoje eu converso com as amigas das minhas filhas e não existe mais ideologia. O pessoal vive em cima de computador. Ideologia é saudosismo.

Heráclito ingressou no PSB a convite do então presidente do partido Eduardo Campos, morto num acidente aéreo no ano passado. Na época, Campos disputava a Presidência da República.

— Fui do PMDB das Diretas Já, do Tancredo (Neves). Tive uma passagem pelo PFL (DEM) por problemas localizados, mas era um partido moderno, avançado, era o PFL de Luís Eduardo (Magalhães). Você não me viu metido com corrupção, fisiologismo. Sou político, quero o bem do meu estado — disse Heráclito.

Jarbas Vasconcelos diz estar cansado de brigar
Depois de oito anos isolado no Senado, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) assume mandato na Câmara cansado de brigar com seu partido e disposto a se integrar na bancada peemedebista. Antes mesmo de assumir o mandato, que começa em 1º de fevereiro, tomou a primeira medida ao apoiar a candidatura do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), para a presidência da Câmara.

— Tive uma experiência amarga no Senado nesses oito anos. Até retirado da Comissão de Constituição e Justiça eu fui por Renan (Calheiros) e (José) Sarney. Acabei ficando na Comissão de Relações Exteriores, mas nunca relatei um projeto. Quando fui à Câmara encontrei uma unidade muito grande em torno dele (Eduardo Cunha) no seio da bancada. Eu fui sondado para disputar (a presidência da Câmara), mas disse que não estava disposto a ir para lá ditar regras. Não quero cargos, só quero meu espaço, relatar projetos, participar de comissões, ter o horário do partido para falar no plenário.

Ex-prefeita tem ‘pavio curto’
Outra que quer fugir de confusão é a ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT-CE), conhecida pelo temperamento explosivo. Chegando para seu primeiro mandato de deputada federal, ela está pisando em ovos. Na Câmara, Luizianne quer se dedicar à defesa dos direitos humanos. De pavio curto, Luizianne terá um adversário na própria bancada: José Guimarães (PT-CE).

Único dos senadores da oposição que retorna depois da “limpa” comandada pelo ex-presidente Lula na eleição de 2010, Tasso Jereissati (PSDB-CE) ficou conhecido pela atuação dura contra senadores governistas e pelos embates internos com colegas de partido. Pessoas próximas ao tucano, no entanto, garantem que aos 66 anos ele está mais calmo depois de ter se tornado avô e ficado algum tempo afastado da linha de frente da política. A candidatura de Tasso ao Senado inclusive só ocorreu a pedido do candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), que insistiu para que o ex-governador cearense lhe desse um palanque em um dos principais estados do Nordeste.

A polêmica mais célebre na qual Tasso se envolveu foi um bate-boca com o então líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, em 2009. O tucano foi chamado de “coronel de merda” e retrucou: definiu o hoje presidente do Senado de “cangaceiro de 3ª categoria”. Acusou Renan de andar em jatos de empreiteiros e gritou para que ele não lhe apontasse “o dedo sujo”.

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