Renata Batista e Robson Sales – Valor Econômico
O PT do Rio de Janeiro dá sinais que pode desistir de uma candidatura própria à prefeitura da capital fluminense em 2016 e apoiar o nome indicado pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB). Enfraquecida pelo resultado das eleições de 2014 no Estado, quando ficou em quinto lugar na capital, a parte da legenda mais à esquerda, que geralmente defende candidatura própria, contemporiza com Paes e acena para uma aliança também em 2018.
Para o presidente do diretório estadual do partido, o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, há um processo de fortalecimento da liderança de Paes. "Ele embarcou na candidatura da presidente Dilma Rousseff, é amigo do [ex-presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva]", afirma, frisando que o PT já pensa na campanha de Lula em 2018.
"A aproximação com Eduardo é importante para 2018. Ele pode ser um nome tanto para a Vice-Presidência quanto para o governo do Estado", completa o prefeito, que costuma ser porta-voz da insatisfação do PT fluminense com a aliança com o PMDB.
Mais próximo de Paes e menos radical no embate com o PMDB, o vice-prefeito petista Adilson Pires afirma que o PT pode até buscar uma candidatura própria, desde que se coloque como continuidade do atual governo. "Não podemos fazer como em 2014, quando rompemos com um governo do qual fizemos parte por sete anos e nos colocamos como oposição", afirma.
Com o PT fluminense perdendo espaço no Estado a cada eleição, Quaquá e Adilson defendem uma nova estratégia de recuperação.
A tática, na opinião do vice-prefeito, é focar nas disputas municipais em que o PT tenha reais condições de vitória, fazer projetos e arrecadar dinheiro federal para realizar investimentos nesses municípios, a mesma estratégia que tem determinado o sucesso do PMDB no Estado. Hoje, o PT controla dez prefeituras. Para Adilson, o projeto para 2016 é buscar a reeleição nesses municípios e outras cinco cidades.
A aliança com o PMDB em 2016, no entanto, não é unanimidade no PT e a avaliação é que, no próximo ano, o embate ocorrido em 2014 se repetirá. Na época, o senador Lindbergh Farias (PT) impôs sua candidatura ao Palácio Guanabara e fez com que o partido rompesse com o PMDB. Entre os nomes colocados no partido estão o do próprio Adilson e o do deputado federal Alessandro Molon, mas o apoio a políticos de esquerda, como a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) e o estadual Marcelo Freixo (PSOL) não é descartado.
Adilson e Quaquá minimizam as discussões sobre cargos na esfera federal e na municipal, onde uma das secretarias ocupadas pelo partido pode ser destinada por Paes para o PSD. Mesmo assim, na segunda-feira, o PT do Rio vai se reunir para definir os indicados do partido para cargos de segundo escalão no Estado.
"Acho complicada essa discussão. Fica parecendo a velha história do 'partido da boquinha'", afirma Quaquá.
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