Erich Decat, Isadora Peron, Fábio Brandt - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA As cúpulas de PT e PSDB enfrentam resistências em suas bancadas no Congresso quanto à orientação para as eleições das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado. Essas divergências, em especial a dos deputados tucanos, são tidas como decisivas para as votações de amanhã.
A sinalização de parte dos tucanos em abandonar a candidatura ao comando da Câmara de Júlio Delgado (PSB-MG) levou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a entrar em campo para tentar diminuir a debandada de correligionários.
Ontem, no encontro da bancada em Brasília, Aécio foi enfático na defesa do candidato do PSB. O gesto demonstra gratidão ao apoio da legenda no segundo turno da disputa presidencial.
Até a reunião de ontem, setores do PSDB, em especial o de São Paulo, sinalizavam o desejo de apoiar a candidatura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a fim de negociar cargos como a vice-presidência e o comando das principais comissões, todos considerados estratégicos. O peemedebista conta com esses votos para tentar vencer a eleição em turno único.
"Isso não é o mais relevante. Não acho que é mais importante para o PSDB ter um espaço na Mesa, mas sim manter a coerência política", afirmou Aécio. "A pressão individual realizada por Eduardo Cunha diminui com a fala do Aécio", disse o deputado Carlos Sampaio (SP), futuro líder da bancada tucana.
Apesar disso, dificilmente os 54 deputados do PSDB - terceira maior bancada da Casa - votarão unidos em Delgado. "Acredito que se recuperou substancialmente os votos, mas nunca se terá todos eles", avaliou o deputado Bruno Araújo (PE), vice-presidente do partido.
Proximidade. A mobilização do PSDB em apoio a Delgado também indica o interesse dos tucanos em manter o PSB mais próximo da oposição do que de um eventual retorno à base do governo Dilma Rousseff. O partido rompeu com o PT em setembro de 2013, para lançar o então governador de Pernambuco e presidente da sigla, Eduardo Campos, candidato ao Planalto. Após a reeleição de Dilma, parte do PSB tenta retomar a aliança com o governo petista.
"A política requer coerência. Não é hora de fracionar as oposições", defendeu o futuro líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB). Nesta Casa, os tucanos tendem a marchar unidos com Luiz Henrique (PMDB-SC). Ele vai enfrentar o atual presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), o preferido de 15 dos 19 senadores do partido, em votação realizada ontem.
Renan tem aval do governo e espera ser apoiado pelos senadores petistas. Estes, no entanto, reuniram-se ontem antes de ser confirmada a candidatura do atual presidente e não chegaram a uma definição. Por isso, a bancada volta a se reunir hoje. Alguns parlamentares, como Jorge Viana (AC), manifestaram simpatia pela candidatura de Luiz Henrique, mas a maioria dos 13 senadores tende a ficar com Renan.
Nem na Câmara há certeza de que todos os 70 deputados eleitos pelo PT votem no correligionário Arlindo Chinaglia (SP), apoiado pelo governo. Para alguns parlamentares, sua vitória enfraqueceria ainda mais a corrente majoritária do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB), que perdeu espaço para grupos minoritários na divisão de poder do governo Dilma.
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