- Gazeta do Ipiranga e Jornal Primeira Página
“Brasil, pátria educadora”, o novo slogan criado pelo marqueteiro oficial do lulopetismo para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, é mais uma peça de ficção que tenta esconder a incompetência de um governo marcado por estelionatos eleitorais em série. Enquanto a máquina de propaganda do PT vende à sociedade a ideia de que Dilma priorizará a educação como “nunca antes neste país”, os fatos da vida real, sem qualquer maquiagem ou pirotecnia, insistem em desmentir mais uma falácia do Palácio do Planalto.
De acordo com reportagem publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo” na última segunda-feira (26), o primeiro governo Dilma registrou a menor média de gasto efetivo do orçamento para a educação desde 2001 – penúltimo ano da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Dados analisados a partir de um estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DAPP) mostram que, entre 2011 e 2014, o Ministério da Educação (MEC) gastou apenas 77% do dinheiro disponível, percentual inferior à execução de fato do orçamento total no período (82%).
Mesmo a melhor marca alcançada pelo governo Dilma, de 79% de execução orçamentária para a educação, registrada no ano eleitoral de 2014, é menor do que a de todos os anos entre 2001 e 2010. O pior índice foi o de 2012, quando apenas 73% do dinheiro direcionado à educação foi efetivamente investido, enquanto a média de gasto do orçamento total do governo naquele ano chegou a 83%.
Com a desfaçatez, Dilma se desmoraliza ainda mais diante da opinião pública e dos milhões de brasileiros que a reelegeram por estreita margem de votos em outubro do ano passado. A impressão que se tem é de que a presidente da República sofre de mitomania, um desequilíbrio psíquico caracterizado pela tendência incontrolável à mentira, à fabulação, à simulação. Se cortou verbas para a educação, por que, afinal, criou o tal slogan?
A “pátria educadora” de Dilma e do PT, como consequência da falta de investimentos e do contingenciamento irresponsável do governo, é aquela que registrou em 2012, pela primeira vez em 15 anos, um aumento do índice de analfabetismo, que vinha em declínio desde 1997. Dados do IBGE no período revelaram que, entre 2011 e 2012, houve um acréscimo de cerca de 300 mil pessoas de 15 anos ou mais ao grupo daqueles que não sabem ler nem escrever, totalizando uma legião de 13,2 milhões de brasileiros incapazes de se comunicar pela escrita.
O maior estelionato eleitoral de nossa história republicana se avoluma a cada dia do segundo mandato de Dilma, que vem fazendo, no governo, tudo aquilo que combateu durante o processo eleitoral. A presidente que se cuide, pois a indignação da sociedade só aumenta com as promessas não cumpridas e as sucessivas mentiras que já se acumulam em menos de um mês de governo. O próprio PT dá sinais inequívocos de esgotamento e sofre com graves fraturas internas, entre as quais se destacam as duras críticas da senadora Marta Suplicy, liderança histórica da legenda, que vem apontando de forma firme o descalabro da atual administração.
A crise econômica, o isolamento político da presidente e o julgamento dos envolvidos no “petrolão” – escândalo que atinge o PT, os partidos aliados, o alto escalão da Petrobras e, de forma inescapável, o próprio governo Lula/Dilma – formam um cenário que se assemelha ao vivido por Fernando Collor às vésperas do melancólico fim de sua passagem pelo Planalto. Neste momento, ainda é cedo para prever os desdobramentos da crise e o que será do país. Mas não é criando slogans falaciosos como o “pátria educadora” ou usando a mentira como método que Dilma sairá de sua encruzilhada e fará o Brasil avançar.
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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
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