• Com que argumentos os subordinados da presidente Dilma vão desmentir a realidade da operação Lava-Jato?
- O Globo
Em meio a graves problemas como a crise hídrica e energética, sem falar no interminável escândalo da Petrobras, a presidente Dilma mostrou-se preocupada na reunião ministerial desta semana com a suposta dificuldade de seu governo em se relacionar com a população. Por isso, conclamou seus 39 ministros (será que ela sabe o nome de todos?) a “travar a batalha da comunicação”, ou seja, a disputa com a imprensa. Depois de quase um mês de silêncio, ela mostrou-se enfática e mandou que todos ali passassem a falar. “Reajam aos boatos”. “Sejam claros”. “Sejam precisos e se façam entender”.
“Levem nossa posição à opinião pública”. “Não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre”. Mas, feito isso, ela não disse se os problemas vão desaparecer. Será que os desvios de R$ 2,1 bilhões que o Ministério Público descobriu na Petrobras até agora vão deixar de existir se os deixarmos sossegados? Com que argumentos os seus subordinados vão desmentir a realidade da operação Lava-Jato, a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve, envolvendo grandes empreiteiras, doleiros, funcionários da estatal e políticos?
O que atormenta hoje o país não são as palavras, não são os relatos, são os fatos. Condenar o meio que transmite a mensagem é um hábito milenar: antigos reis executavam o emissário da má notícia, depois de recebê-la. Durante a nossa ditadura militar, o pretexto para a censura à imprensa era preservar a imagem do Brasil. Assim, uma epidemia de meningite não devia ser divulgada porque a notícia daria lá fora uma péssima impressão do Brasil Grande, do milagre econômico. Se a presidente quiser mesmo ganhar a batalha da comunicação junto à opinião pública, o melhor instrumento ainda é a informação. E quem saiu na frente foi o Ministério Público Federal, que inaugurou um site especificamente sobre a operação Lava- Jato.
A página da internet informa que 232 empresas e 150 pessoas estão sob investigação. Que foram firmados 12 acordos de delação premiada e formalizadas 18 acusações criminais contra 86 pessoas pelos crimes de corrupção, tráfico internacional de drogas, organização criminosa, lavagem de ativos, crimes contra o sistema financeiro nacional, entre outros. O site também destaca que R$ 450 milhões já foram recuperados e há R$ 200 milhões em bens dos réus bloqueados pela Justiça para o ressarcimento de danos e pagamento de multas no caso de futuras condenações.
Agora, se ela quiser saber a diferença entre informação e marketing, que não ouça os que só lhe dizem sim. Lembre-se do que ensinou Lula ao terminar o segundo mandato com 80% de aprovação: “Notícia é o que a gente quer esconder; o resto é propaganda”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário