• Em entrevista ao Estado, ex-presidente do Banco Central disse que o ministro da Fazenda é 'uma ilha em um mar de mediocridade'
Daiene Cardoso, Nivaldo Souza - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Líderes do PSDB no Congresso Nacional concordaram com a avaliação do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, sobre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Em entrevista ao Estado, Armínio disse que o ministro "largou bem, mas é uma ilha de competência em um mar de mediocridade, com honrosas exceções".
Para o líder no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), Armínio fez um diagnóstico correto da "inépcia" do governo, do domínio ideológico e da corrupção. O tucano disse que Levy é um executor "solitário" quando quem formula a política econômica, a presidente Dilma Rousseff, está "escondida". "O Levy não é só a ilha em mar de mediocridade, ele tem acima dele alguém que é a encarnação da mediocridade", declarou.
Já o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), disse que Levy é um intérprete do "neoliberalismo petista" e que no primeiro mês de gestão só conseguiu aumentar impostos. "Até agora o que ele fez de positivo foi reconhecer que a presidente Dilma fracassou na política econômica", concluiu Imbassahy.
'Colaborador do tucanato'
O deputado Sibá Machado (PT-AC), candidato a líder do partido na Câmara, considerou "muito fortes" as declarações de Armínio e afirmou que o ex-presidente do BC pegou "pesado demais" nas críticas ao governo. Sibá lembrou que parte da legenda considera o ministro da Fazenda "um grande colaborador do tucanato".
Apesar da crítica, o deputado defendeu as medidas de austeridade fiscal anunciadas pelo ministro. "A presidente Dilma passou quatro anos convivendo com o efeito da crise internacional e teve de proteger setores com pacotes de bondades", disse, referindo-se às desonerações bilionárias concedidas a segmento como a indústria automotiva. "Agora, este não será um ano fácil para a economia. As medidas (anunciadas por Levy) podem não ser o que a gente (do PT) esperava, mas são necessárias", disse.
O petista criticou também a declaração do ministro ao jornal Financial Times, de que o seguro-desemprego está "completamente ultrapassado". "É um pouco da forma de pensar do ministro Levy. Mas não vamos abrir mão de direitos trabalhistas", afirmou.
Sibá considerou que as mudanças nas regras de acesso a benefícios como abono salarial, seguro-desemprego, pensão por morte e auxílio-doença foram necessárias porque eles "estavam sangrando pelo mau uso". No entanto, o parlamentar avalia que as mudanças serão "muito difíceis de passar" pelo Congresso.
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