- Folha de S. Paulo
Está ruim, mas ainda vai piorar um bocado antes de melhorar. Infelizmente, esta é a previsão mais realista depois de uma semana de agenda bem negativa para a presidente Dilma Rousseff.
Teve tudo de ruim na que passou. Aumento de imposto, apagão no país, crise da falta de água piorando, rombo recorde das contas externas, desemprego subindo, petistas criticando o rumo do governo.
Na que começa, a expectativa é sobre o recado que a presidente dará à sua equipe nesta terça-feira (27), quando fará a primeira reunião ministerial de seu segundo mandato.
Dilma já sabia que 2015 seria um ano difícil, mas será pior do que imaginava por causa de fatos "imprevistos" em suas avaliações. Primeiro, chove bem menos do que o previsto, e os reservatórios de água estão piores do que em janeiro do ano passado, quando já estavam ruins.
A eleição fez petistas e tucanos a mascararem a realidade. O cenário em 2014 já exigia planos de redução de consumo de água e energia, mas Geraldo Alckmin e Dilma Rousseff corriam atrás de votos e apostaram suas fichas nos céus. Erraram feio.
Agora, teremos menos água não só em casa mas também nas indústrias, que vão ter de reduzir o ritmo já fraco. E a energia, se não for racionada, será no mínimo mais cara.
Outro imprevisto que atormenta o Palácio do Planalto vem dos efeitos econômicos negativos da Operação Lava Jato da PF, que fecha o cerco às empreiteiras e indústrias do setor naval que se meteram no escândalo das propinas na Petrobras.
Ninguém ainda sabe a dimensão, mas há risco de quebradeira de empresas e demissões em massa na indústria naval --o que já leva bancos a planejarem provisões diante de um esperado calote no setor em breve.
Enfim, o cenário recomenda à presidente dar à sua equipe um "choque de realidade". A travessia do deserto será longa. Se não vacilar, o caminho escolhido, apesar de espinhoso, está no rumo correto.
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