• Ideias como a redução de ministérios são jogo de cena do partido
Chico de Gois – O Globo
BRASÍLIA - O sonho de dias melhores na Câmara, esboçado no início da semana passada, terminou rapidamente. E o pesadelo, para o governo, voltou na forma de PMDB. Em menos de dez dias, o aliado indigesto exigiu a demissão do então ministro da Educação, Cid Gomes, forçou o governo a renegociar as dívidas de estados e municípios e ensaia novas estocadas.
O PMDB e seus satélites sentem que têm a corda na mão. E esticam até o ponto que consideram ideal. Não a ponto de enforcar o governo, mas até sufocá-lo para que peça água. Ninguém no partido quer o governo pendurado, mas, sim, de joelhos.
A lógica peemedebista é a seguinte: até o ano passado, durante o primeiro mandato de Dilma, o PMDB, que ocupa a vice-Presidência, só foi chamado para algum lugar de destaque quando Dilma viajava, e Temer era obrigado a assumir a Presidência simplesmente para não deixar a cadeira vazia.
Por isso, argumentam os peemedebistas, o partido não se sente responsável pela crise financeira. Até aceita colaborar com a recuperação, mas não quer assumir sozinho o ônus do arrocho fiscal.
Para fugir da pecha de fisiologista, a sigla decidiu propor a redução do número de ministérios de 39 para 20. A medida tem dois objetivos práticos: dar um sinal às ruas de que segue o cortejo dos manifestantes e forçar o Planalto a promover o ajuste fiscal não apenas com medidas que atinjam o bolso do eleitor - e, portanto, impopulares para o Congresso - mas também cortando na máquina.
A redução em si dos ministérios não interessa ao partido. É ensaiada como enforcamentos em filmes: são mero jogo de cena.
Petistas analisam que seu parceiro de campanha vai continuar segurando a corda, mas sem rompê-la. Enquanto a brincadeira macabra continua, os petistas rezam para que Dilma dê algum sinal de vida. Com um Legislativo forte, e tendo seu comando nas mãos do PMDB, a respiração do governo deve continuar ofegante por um bom tempo.
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