- Folha de S. Paulo
A guerra aberta entre governo e oposição vive um momento de inflexão, no qual ambas as tropas buscam algum tipo de recomposição. As escaramuças assemelham-se mais a um jogo de xadrez.
No campo oposicionista, engana-se quem pensa que a derrota de Aécio Neves sobre o "timing" do pedido de impeachment de Dilma Rousseff implica retirada permanente.
Ocorreu o óbvio. O mineiro quer manter a pressão alta sobre o governo e busca associar-se ao movimento para firmar sua posição ainda beneficiária do "recall" da eleição.
Atraiu contra si os outros presidenciáveis tucanos, que ganham se a corda for afrouxada, tirando vapor da máquina de Aécio e empurrando o jogo para 2018. FHC acabou sendo juiz, involuntário ou não, da disputa.
Apesar do fracasso do evento sobre o tema e a promessa de deputados de pedir o impeachment semana que vem, a ação só deve sair lá pelo fim de maio, quando os aecistas calculam haver uma nova onda de más notícias para Dilma: o TCU estará a analisar os depoimentos sobre as pedaladas fiscais, a Lava Jato seguirá seu curso, o PMDB permanecerá indócil e os efeitos do ajuste e da recessão deverão se mostrar maiores.
Do lado do governo, uma reunião ministerial neste sábado está sendo vendida como o início de uma agenda positiva para o Planalto, após uma semana relativamente calma.
Haverá fanfarra, mas falar em retomada dos investimentos com a economia deprimida requer os talentos de prestidigitação de um Arno Augustin para convencer a plateia.
A dificuldade mais urgente para o Planalto é, na verdade, conter os efeitos da troca de cotoveladas entre Eduardo Cunha e Renan Calheiros no Congresso, que pode atrapalhar a aprovação de medidas do ajuste que dependam do Legislativo.
Assim, se a reunião servir para melhorar o ânimo dos soldados, já estará de bom tamanho para o governo.
A guerra, contudo, continua.
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